quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Perfil profissional


Dia desses mostrava uns textos que havia escrito pra um jornal local. Matérias para caderno especial do marketing (aliás, quando se trata de jornal, grande imprensa, só escrevi para os projetos especiais de marketing). Enfim, mostrava a um professor (um colega) e ele me disse que meus textos eram leves, mesmo quando o assunto era, digamos, mais denso.

Juro que fiquei com aquela frase ecoando dias na minha cabecinha. Receosa, não quis pedir mais explicações. Como assim? Será que escrevo fazendo piada das coisas sem perceber? Será que não consigo mais captar o fio da notícia e fiquei incapaz de escrever?

Depois, mais encorajada, fui tirar satisfação, onde já se viu?! Não estou desorientada (não sempre!). A questão é que me divirto entrevistando, escrevendo. E, de maneira fácil, passo isso em meus textos independente do veículo. Afinal, a gente já anda com a vida tão séria, tão complicada... Depois de receber trocentos convites pra visitar blogs, convites pra sites de relacionamento, etc, a pessoa se predispõe a ler os textos sem dar uma risadinha?
Ah, tenha dó!!!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Controle de qualidade

Que tempos estes! Quanta reclamação. Não importa de onde vem. Todo mundo tá protestando, cobrando alguma coisa: um produto, um serviço, postura. Conversando essa semana, um amigo me falava das "asneiras que anda vendo" no jornal onde trabalha há mais de uma década. Também jornalista, me questionava ainda que tipo de jornalismo é o atual? Achou graça de quando perguntei a outro amigo, também do ramo: “mas que marca de jornalista é você?”. Não lembro o contexto do papo, o porquê de ter feito tal indagação. Vou puxando a brasa, a sardinha e tudo porque dia desses assistindo o observatório da imprensa, uma vertente em pauta era justamente a responsabilidade da apuração dos fatos, dos dados, enfim. De como as matérias passaram ser feitas algumas vezes com coisas coletadas na internet. Pura cópia mesmo! Tudo bem a internet é mais um veículo e faz grande diferença nos dias atuais, mas em que lugar ficou o checar sempre as informações, orientação dada ainda no começo do curso de jornalismo? Calma, não estou generalizando em nenhum dos exemplos (graças a Jah!).

Fiquei pensando nas outras tantas profissões em que não se honra o compromisso firmado. Sim, porque em algum momento assumimos um compromisso. E então que, na atualidade, podemos ver médicos que não atendem - ainda que estejam escalados -, policiais que vão parar em grupo de extermínio. Minha irmã chegou em casa comentando que presenciou uma atendente, numa clínica particular, que em vez de tomar os dados de um paciente chegado no setor de emergência, permaneceu jogando paciência no computador.

A impressão que dá é que de uns tempos pra cá, nada funciona (ou, pelo menos, não como deveria!). Desde dezembro estou usando outro celular: aparelho novo, outra operadora, enfim. Já fui cliente da prestadora e, por essa e outras razões de cunho econômico, resolvi voltar. Até hoje, quase três meses depois, não consegui efetuar meu cadastro. Ora o sistema de atendimento digital não funciona, ora o aparelho desliga no meio da chamada. Mas nada me irrita mais que, depois de minutos conversando com o atendente e passando informações pela trocentésima vez, escutar: “senhora, infelizmente não foi possível efetivar seu cadastro. Nosso sistema caiu.”

E tem mais: fui numa dessas lan houses imprimir umas matérias para entrevista. Na hora de abrir o arquivo o atendente disse: “ihhh, foto? Foto a gente não imprime não. Ordem do dono!”. “Mas que maluquice é essa? Então por que a placa de faz-se impressão, se vocês escolhem o que imprimir? Impressão é impressão, oras!”, reclamei. O dono não estava. O jeito que pude dar foi não voltar mais lá.

Houve um tempo em que me preocupei por estar sempre reclamando de alguma coisa na padaria, no bar, no shopping, no cinema, na farmácia, na clínica. Recebi pouquíssimos retornos. Mas é o mínimo que podemos fazer. E acho que é a forma mais prática de exigirmos qualidade.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Espiadinha noturna

Tinha tido um dia daqueles: mais uma proposta de trabalho, mais uma entrevista, uma aula cancelada quase na hora de começar. Precisava relaxar e esquecer que meu porquinho tá quase morrendo de inanição. Queria acabar meu dia com uma coisa boa, diferente. Tocou uma canção que gosto muito e fazia tempo não ouvia. Dizia assim: “O luar, do luar não há mais nada a dizer, a não ser, que a gente precisa ver o luar”. Aí, seguindo tais palavras de nosso ministro/cantor Gilberto Gil, ontem parei pra ver o eclipse.

Não sei quais modificações celestes, astronômicas ou cósmicas acarretam um eclipse lunar, mas que é bonito, é. Depois de ouvir que só se repetiria em 12 anos, convidei minhas irmãs a assistirem também. Mas, digamos que o horário delas não é o meu. Estavam cansadas.

Faltando pouco para meia-noite a lua sorria aquele risinho de canto, já encoberta. O céu, estrelado, completava a paisagem. Daqui de casa se tem uma vista privilegiada: pôr-do-sol, lua cheia, céu carregadinho de estrelas... Talvez pra amenizar a distância pra qualquer lugar na cidade, uma espécie de compensação por morar lá longe!


Gostoso ver aquela transformação estranha de cores. Pensei em outros espetáculos que a gente normalmente não vê na nossa correria cotidiana: sol caindo ou nascendo, lua saindo, maré enchendo, flor desabrochando. Eu sei, deve tá pensando: “quanto romantismo... e quem se lembra de ver isso”, né? Eu lembro (tenho feito esse exercício vez em quando). Garanto que a gente consegue desligar um pouco. E, aproveitando que a lua tá cheia a partir de hoje, dá uma espiadinha. Depois me conta se valeu ou não à pena 10 minutinhos desplugados de problemas e preocupações.

Imagem: Banco de imagens Google

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Tropa na elite

No início desse mês falava sobre a qualidade dos filmes nacionais e as expectativas de Tropa de Elite no Festival de Berlim. Pois bem. Hoje à tarde ouvi o resultado, assim que saiu, pela Band News. Fiquei realmente muito feliz em saber da premiação: o Urso de Ouro é nosso, quebrando um intervalo de uma década! O último filme brasileiro foi Central do Brasil, de Walter Sales.

Reiterando, nada de querer ser bairrista, afinal Wagner é baiano (e ainda jornalista), mas se trata de um filme nosso. É uma produção nossa e significa que somos bons nisso também! E após alguns problemas técnicos durante a exibição, como a tradução do filme por exemplo, a crítica alemã elegeu Tropa, o melhor. Os americanos não conseguiram ver o que enxergaram os alemães.

Tá, concordo, é um problema e não é específico do Rio de Janeiro, infelizmente. É uma verdade nua, cruel e forte espalhada por muitos estados do Brasil, algumas cidades pelo mundo. É, como se diz, uma faca de dois gumes, afinal está lá porque muita gente viu e muita gente viu porque se identificou.

Na lista brasileira para indicação ao Oscar não constava o agora premiado Tropa. Entretanto, segundo o pai do cineasta José Padilha, o também produtor Cláudio Padilha, ano que vem o filme concorrerá na categoria principal. A indicação, contudo deverá ser americana, já que, ao que consta, o co-produtor é americano e pode candidatar a produção. Uma pena!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Rezando a cartilha

Acompanhando essa confusão de cartão corporativo e outras coisinhas que insistem em se manter nos noticiários, fiquei pensando nos ensinamentos de Dona Nilzete (minha mãe) desde que era menina pequena lá na Cardeal da Silva, no Rio Vermelho: “isso não é seu, leve de volta!” ou ainda “quem te deu isso?! Por quê?!”. Ah, tinha um bem pior: “não quero que ache! Leve de volta!”. Esse vinha, quase sempre, acompanhado de um beliscão ou tapinha. Nos tempos de colégio, virava mexia aparecia um coleguinha se vangloriando por ter encontrado uma carteira com dinheiro, dinheiro no chão ou caneta esquecida na cadeira no final da aula. Que troféu idiota!!

Será que é mesmo tão complicado assim não usufruir do que não é seu?! Será que somente minha mãe e minhas tias bisbilhotavam nossas mochilas quando chegávamos em casa? Em se tratando de nossos presidentes de grêmio estudantil, líderes de comunidade, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidentes (oxalá não tenha esquecido nenhuma esfera!), por que é tão fácil meter a mão no dinheiro público? Em alguns desses casos, por que não consideram o que ganham suficiente?

Ainda semana passada acho, ouvi um comentário de Boechat. Relatava alguém que dizia ser fácil porque o dinheiro público não tinha dono. Mas que absurdo é esse? Como assim o dinheiro público não tem dono?! Tem sim e é muita gente! Pertence a todos nós que, deveríamos ter revertido em melhorias diversas, os impostos pagos sem escolha!

Tudo bem, não sou 100% politicamente correta. Confesso que furei a fila do ferry-boat, voltando pra Salvador no início de 2007. Ainda estava em Mar Grande e tinha até 15h pra mandar um jornal pra gráfica. Era quase 11h da manhã, minha prima tava na fila, me chamou e eu entrei mesmo! Mas foi só (pelo menos, não lembro de outra). Se querem saber, fiquei carregando essa culpa por semanas!

Haja olhos e ouvidos pra tantos escândalos e mentiras contadas descaradamente (ou sem o menor pudor mesmo). Fico pensando onde é o fundo desse poço! Aliás, cada vez que penso nisso, me dá menos vontade de sair em outubro, naquela costumeira confusão de domingo, pra votar. Não entro nessa de dizer que o mérito é todo desse governo que aí está, isso é injusto. A brincadeira não começou agora. Tampouco o isento!

Se a gente lembrar das aulas de história do Brasil (mas, as verdadeiras, aquelas ensinadas só no segundo grau), dá pra entender que é uma prática herdada de nossos colonizadores: afinal, pareceu tão fácil chegar aqui e se abastecer com o que havia de bom e melhor de nossas riquezas! Por essas e outras não entendo essa comemoração da vinda da família portuguesa para nossas terras. Como se aqui tivessem chegado de bom grado, ora pois... Fugidos, era a melhor opção que dispunham, segundo historiadores.

Não vou por a culpa toda em nossos primos. Afinal, condescendentemente aceito que eles revejam a atuação de dois séculos passados e, seguindo um desses acordos de cooperação, banquem meu mestrado em Lisboa, daqui uns dois anos. É uma vaga que não terei receio algum em concorrer. Calma aí, não tô puxando o tapete de nenhum lusitano não e, cá pra nós, será um ótimo investimento de nosso governo federal!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Control “c”, control “v”

O texto a seguir não é meu, mas de alguém absolutamente extraordinário na arte da escrita: Luís Fernando Veríssimo. Nem poderia ser diferente já que nasceu num dia especialmente voltado para música, escrita, desenho, bom gosto e tudo de bom da vida: 26 de setembro. Ora, mas que coincidência! Não é que também é meu aniversário??

Papinhos modestos à parte, Léo anjinho me mandou. Li, reli, e ainda consigo dar risadas. Fantástico. Chama-se Desabafo de um bom marido. Espero que se divirtam!!

Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar: duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e um bom companheirismo.
Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas.

Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo. Eu levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta. Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento. 'Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!' ela disse. Então eu sugeri a cozinha.

Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse: 'Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar'. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

Lembrem-se, o casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento. Eu me casei com a 'Sra. Certa'. Só não sabia que o primeiro nome dela era 'Sempre'.

Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'. No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso.

'Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes: o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa.

Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.'- Quando você terminar de cortar a grama,' eu disse, 'você pode também varrer a calçada.' Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'.'O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...'

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Maquiagem

Acabo de ler meu primeiro Garcia Márquez. Memória de Minhas Putas Tristes. Apesar dos dois dias que levei, a leitura é simples. A história poderia se passar com qualquer um de nós. Karen (uma amiga de vulgo Biscoito) havia me falado meses atrás sobre uma outra obra dele: Cem Anos de Solidão. Biscoito, também jornalista, precisava ler para uma matéria no caderno cultural. Leu o original. Seu espanhol é perfeito! Li a tradução do Memórias e não saberia dizer o porquê da escolha e, tampouco vou contar o livro, oras!

É verdade que o tema abordado me fez pensar em coisas bastante próximas, como a solidão. Não é que me sinta só (não ainda!). O que acontece é que tenho amigos, em diferentes faixas etárias, passando por isso agora. Pessoas que foram priorizando suas vidas profissionais, por exemplo, e hoje, sem parceiros (cônjuges, amantes, cúmplices, qualquer um desses), filhos ou parentes próximos, se percebem solitários em seus pequenos ou luxuosos apartamentos ou casas à beira-mar.

Enquanto é dia, parecem irradiados pelo astro-rei. Vai anoitecendo e a condição de estar só se expande pela casa. É o que todos dizem e voltam-se a seus milhares de afazeres, na tentativa de esconder-se mais um pouco. Alguns deles saem pela noite e voltam às tantas. A mim parece angustiante. Tento estar com eles pra amenizar (do jeito que eu falo, parece uma festa), mas com todos é humanamente impossível!

Outro ponto abordado também no Memória é o amor tardio... Sabe aquelas pessoas que viveram a vida toda procurando, procurando (ou até não) e encontram o amor (tranqüilo ou excitante) com mais de 50 anos? Ou, no caso de nossa personagem, mais de 90. Isso me faz pensar que nem tudo está perdido para mim afinal, para os cinqüenta anos me faltam vinte e duas décadas passam rapidinho! Mas, falando sério, fico preocupada com casos de depressão. É um problema que quando se percebe, o estágio já é bastante avançado, na maioria dos casos.

Às vezes me vejo nesses amigos. Penso que caminho para o mesmo lugar, possivelmente para os mesmos problemas. Sem namorado, filhos, parafraseando o velho Machado: “...ninguém para transmitir o meu legado...”. Confesso que a sensação não é das mais agradáveis, mas também Renato Russo já cantava numa de suas genialidades: “...digam o que disserem, o mal do século é a solidão..!”. Se não é possível, sobretudo nos dias de hoje, colocar a vida profissional de escanteio, ao menos, vamos trabalhar dando umas olhadinhas rápidas para os lados. De repente, quem sabe, surge um solitário a menos desses tempos modernos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A idéia e a câmera continuam por aí (ainda bem)...

Aproveitando as regalias que Momo pôde proporcionar assisti, entre outras coisas, Meu Nome Não É Jonny. Estava curiosa. Sou uma eterna entusiasta do cinema brasileiro. Faço questão de ir ao cinema sempre que dá, só para engordar as estatísticas e, de quebra, mostrar pra essas figuras que torcem o nariz, que sexo e palavrão não são as únicas tônicas do cinema canarinho. Depois de todo burburinho assisti Tropa de Elite. Os comentários foram os mais diversos. Unanimidade mesmo foi/é o talento de Wagner Moura. Aliás, Selton Melo também não fica atrás. Os “meninos” são bons mesmo em tudo que se propõem a fazer!

Não vi ainda e tô à caça de O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias. Além da indicação ao Oscar desse ano, tem ainda a ressalva de ter sido o último filme de Paulo Autran. Mas, como sempre, nos tiraram da boca o docinho das premiações internacionais. Como gostinho de vingança, vi em algum lugar que Tropa de Elite foi selecionado para uma mostra competitiva num festival em Berlim. Segundo o diretor, José Padillha, só nos cinemas foram mais de 2 milhões e meio de pessoas assistindo o filme. Se a gente lembrar que o vídeo fez a alegria dos camelôs antes mesmo de chegar às telonas, então...

Não é que não veja os enlatados (sobretudo) americanos. Claro que sim, não sou nenhuma ET! Tem muita coisa boa, é inegável. Mas já passou da hora de parar de diminuir nosso cinema. E não falo com a autoridade de quem entende da produção cinematográfica, mas com a devida justiça de quem simplesmente assiste, se reconhece e curte as histórias. Oxalá chegue o dia que possamos ver premiados, aqui mesmo primeiramente, talentos como Wagner Moura, Lázaro Ramos, Selton Melo, Zezé Motta, Fernanda Montenegro, Marieta Severo, Glória Pires, Andréa Beltrão... É a turma é grande, e a aptidão proporcional!


Imagem: Banco de imagens SXC

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Nos braços de Momo

Lembro, certa feita, uma amiga acabando de chegar da rua, e ainda não era a quarta de cinzas... Ela quase chorava aos céus: “ah, eu quero mais carnaval!!”. Lembrei de Mari esses dias porque fiz minhas, suas súplicas. E, de fato, todo ano é isso: fico tão eufórica com a chegada de carnaval, tão ansiosa. Planejo cada detalhe para DESCANSAR POR MARAVILHOSOS SETE DIAS! Sim, porque aqui em Salvador a folia começa numa quinta e vai até a outra (e eu nem mencionei os arrastões, as madeiradas, as ressacas e ressacas das ressacas...)

Não é que nunca tenha saído. Quando menor desfilávamos fantasiadas, era outra atmosfera. Uns anos atrás, quase casada, saímos a figura, um casal de amigos e eu num bloco. Nesse mesmo ano saí de pipoca também com outras amigas. Prestando atenção em todo mundo que encostava, não consegui relaxar. Detestei. Muita confusão pra sair de ônibus, as pessoas que saem pra brigar e não pra se divertir e os carinhas abusados que sempre aparecem quando os amigos não estão por perto.

De quebra, ainda trago (literalmente de berço) outro agravante: com os pais policiais, desde menina ouvia só um lado da folia e não era dos mais convidativos. Então fiquei nessa. E minha real preocupação é comum à dos foliões, acredito: fazer escolhas. De uns cinco anos pra cá, fiz de Arembepe meu refúgio momesco. O problema é que outras tantas pessoas passaram a pensar como eu, incluindo os administradores municipais. Resultado? Arembepe também tem carnaval!

Esse ano fui pra Vilas do Atlântico. Tenho uma amiga com uma casa muito bacana lá. Piscina grande, vista maravilhosa. Além disso, a caminhada até a praia é curta e agradável. De mais a mais, o percurso de qualquer lugar até Lauro de Freitas hoje parece mais rápido que pra minha casa. Pra azar de Yêda, acabo indo pra lá mesmo no meio da semana!

Mas minha folia também exige organização, como não?! É uma semana para atualizar minhas leituras e meu lado cinéfilo. O silêncio da rua também é um convite pra visitar minha velha pilha de cds... Mas, como tudo na vida, existe um lado B nessa semana quase perfeita: a ansiedade das respostas. Trabalho, viagens, pesquisa aprovada ou reprovada. A frase é uma unanimidade: “é, só depois do carnaval pra saber isso..!”. Reparou? Independente do que seja, as palavras são as mesmas. Então, o remédio é esperar. E como esse ano promete mesmo muito trabalho para quem quer, considerando o tanto de currículos que joguei na rua antes da chegada de Momo, vou aproveitar os dias que restam. Algo me diz que ao desenrolar da última serpentina, relaxar será um verbo de conjugação luxuosa.