quinta-feira, 29 de maio de 2008

Band aid pra todos os tamanhos, amores e dores

“As relações acabam e os amigos ficam, viu?!”. Essa foi a frase que uma menina contava ter dito a um amigo. Engraçado sair essa bem na hora em que ia passando hoje, voltando da aula de inglês. Almocei com um velho amigo que queria me contar de sua separação. É como se quisesse me preparar. O que, aliás, virou coisa muito natural visto que sofro muito a cada vez que acontece. E a razão é simples: normalmente sou amiga do casal. É difícil ter que “escolher” um amigo por quem tomar partido, oras.

Ainda que especificamente essa separação fosse aguardada, fiquei muito triste. E, ao contrário do que a gente (também) esperava, meu queridíssimo amigo está abalado. Mesmo que, como todo macho que se preze, diga que não! Mas o que se há de fazer? O que mais fazer? Já diria Moska: “o que fazer com nosso amor se agora falamos pouco e o relógio da cozinha a nos contemplar?”

Pensei num monte de bobagens a lhe dizer. Só pra distrair mesmo. Qual nada..! Ele não precisava rir, precisava de dois ouvidos bem abertos e dois ombros largos. Lá estavam os meus. Lá estava eu. Foi bom estar e ajudar na coisa mais simples, mas não menos importante. Estivemos na mesma situação faz pouco tempo, embora assumindo papéis contrários.

Pensei quando anos atrás, e vindo de outros amigos, esse mesmo apoio foi essencial, quase decisivo pra me manter de pé, sair do buraco e enfrentar o mundo. A situação era bem diferente, confesso. Tava magoada e não havia filhos envolvidos. Não é o caso. Acredito que num primeiro instante passe pelo pseudo momento do alívio: os papos, a gostosa falsa-sensação da liberdade. Depois parece que nada funciona ou faz sentido.

Certo é que, querendo ou não, toda relação traz a reboque uma dorzinha quando chega ao fim: a dor da perda, a dor da traição, a dor da saudade, a frustração. Certo também é que o show não pode parar! Mais tempo atrás das cortinas pra uns, menos tempo pra outros e, por fim, e felizmente, esse é o desfecho pra todos: sair dessa!
Aqui estou amigo, quantas vezes precise, afinal, já cantava o MPB4: “o apreço não tem preço..!”.

A folga dos parafusos

Engraçado como às vezes a gente entra numas paranóias coletivas. Admito que quase sempre têm fundamento. Tô numas aqui em casa. Não posso ver uma torneira pingando. Fecho. O movimento é quase instintivo. Essa história de escassez da água está realmente me preocupando. eu sei, talvez não sinta, sequer veja, mas Gabriel vai passar por ela, por exemplo. É estranho saber que não importa quanto dinheiro você tenha, o tal líquido será precioso e não mais por força de expressão!

Daí pra aumentar minha agonia, parece que todas as torneiras, inclusive as dos chuveiros, resolveram apresentar algum tipo de problema. Fecham pela metade, a gente fecha e a água continua caindo ou simplesmente não fecha! Eu agüento? Tô em tempo de enlouquecer. Haja balde e bacias a encher. Haja saliva pra fazer o povo aqui de casa entender que depois de cheios bacias e baldes a água reservada deve ser utilizada e não jogada fora.

Fico imaginando se todo mundo acompanha a frouxidão dos meus parafusos. Na verdade nem sei até que ponto posso considerá-los folgados, viu?!. Avaliando que a falta de alimentos no mundo tinha uma previsão bem distante e o que se vê é que está batendo à porta. Essa acho que pego! Pior quando os dois problemas se juntarem, sim porque pra ter alimento, pra plantar, é preciso água!

No mais, vamos ouvindo as previsões catastróficas, assimilando algumas coisas e descartando outras. Vamos assumindo a responsabilidade diante do que fizemos e assistindo as variadas formas de respostas que o universo nos reserva!

domingo, 18 de maio de 2008

Quando eu crescer

Ouvindo Nando Reis. Parei na faixa que melhor me traduz esses dias, quinzenas! No meio da semana fui fazer minha terceira carteira de identidade. A antiga não tinha mais nada a ver comigo, não só fisicamente, mas daquela moça do retrato muito pouco sobrou. Agora era mais um RG numa pastinha plástica perto da carteira de trabalho. Um outro, com a foto de uma menina de uns 12 anos, acho, já aguardava.

É estranhamente engraçado perceber as mudanças físicas. Como o corpo às vezes revela exatamente as mudanças no íntimo. Havia tirado a foto no mesmo dia. Os dreads caindo nos ombros. Pareço e me sinto bem melhor do que as meninas nas outras carteiras. Tem muita coisa pra melhorar, lógico! A boa obra nunca deve estar completamente terminada, ora pois...


Reconheço que as cobranças – que são minhas – por vezes gritam mais alto do que queria escutar. Tenho mais de duas semanas estudando, me preparando para apresentar um projeto e concorrer a uma bolsa de estudos. Ainda falta é coisa. Receio não dar tempo. Seja porquê minha disciplina não é suficiente, seja porquê não quero deixar de fazer outras coisas, tipo meus trampos temporários ou simplesmente porquê não tô pronta pra encarar um mestrado!

Sei lá. E depois de dois dias de bloqueio mental, virei noite escrevendo o bendito projeto. Agora vou relaxar fazendo o exercício de inglês. Depois, nesse dia cinza e chuvoso, vou ouvir mais meia hora de música e voltar pra leitura.

Ah, vai aí a música de Nando que citei no comecinho do papo...


Não vou me adaptar...
Arnaldo Antunes

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar
Me adaptar...

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
E quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava desse tamanho...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar
Me adaptar...

Não vou!
Me adaptar, me adaptar!

domingo, 11 de maio de 2008

Minha mãe é Maria alguém...

Não somente pelo dia das mães, mas também por ele. E é difícil, às vezes, manter o olhar crítico o tempo todo, pensando que é só comércio! É também, mas e daí?? Elas parecem tão felizes ao desembrulhar os pacotes, por menor que sejam. Fui com toda paciência comprar o mp3 de dona Nilzete. Odeio shopping com todas as minhas forças, mas era o que ela queria e dava pra comprar. Fizemos um jantar. Ela passou o dia inteiro achando que era somente isso. Quando finalmente estávamos todas em casa, mandamos o mensageiro entregar. Gabriel passou o pacote pra avó numa pompa.... Uma graça!

Foi um dia bom. Então, à noite preparei uma massinha especial, tínhamos vinho, máquina fotográfica/filmadora e muita conversa. Gabriel não parava de falar (não sei a quem saiu!!). Mãe parecia contente. Adora ter as menininhas embaixo da asa. Iza também ganhou presente, oras... O predileto: chocolate!
Depois, mais conversa e convencer Gabriel que tinha que ir pra cama, porque amanhã é segunda, dia de preto, branco, azul, vermelho, lilás, de bolinhas...

domingo, 4 de maio de 2008

Ode às cores e sensações

Tantas vezes escrevi sobre essa paisagem, sobre o cair do sol visto aqui de casa. É hora de dividir um pouco com vocês, amigos!
Bem, é claro que deveríamos estar devidamente acompanhados de música. Como já havia escolhido Gandaia das ondas, de Lenine (salve salve, amém!), em outro texto, dessa vez a seleção foi bem bairrista. Até deu saudades de Santo Amaro. Viajem e divirtam-se!

O Trem das cores
Caetano Veloso


A franja na encosta

Cor de laranja

Capim rosa chá

O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar


O ouro ainda não bem verde da serra, a prata do trem

A lua e a estrela, anel de turquesa

Os átomos todos dançam

Madruga, reluz neblina

Crianças cor de romã entram no vagão


O oliva da nuvem chumbo ficando

Pra trás da manhã

E a seda azul do papel que envolve a maçã...


As casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar

Os dois lados da janela

E aquela num tom de azul quase inexistente, azul que não há

Azul que é pura memória de algum lugar...


Teu cabelo preto, explícito objeto

Castanhos lábios

Ou, pra ser exato, lábios cor de açaí


E aqui, trem das cores sábios projetos:

Tocar na central

E o céu de um azul celeste celestial

Foto: Raildete Santana Trindade

Exclusão e exploração social

Quatro da manhã e cá estou eu, o velho e bom Roberto Carlos e Zé Paulo, companheiro de guerra e noites de trabalho. Agora os dias também. É que passei o dia escrevendo minha proposta de mestrado pra apresentar às minhas queridas e pacientes professoras Matilde e Vera Brito. Elas vão tentar salvar as maluquices que botei no papel. Brincadeira...

É, eu sei que prometi que esse ano estaria preocupada em fazer dinheiro, não ia tentar mestrado ou afins, mas apareceu essa fundação que dá prioridade a negros, nordestinos e quem não puder bancar o curso. Como diria uma amiga, só faltou ter meu nome na cadeira! Se abrissem mais o leque e descobrissem que ainda sou torcedora do BAÊEEA então... Enfim, não dava pra deixar essa chance pro ano seguinte. A hora é agora!

Em letras miúdas, a nova proposta que estou escrevendo é sobre a trajetória do povo negro desde os tempos de colônia e como hoje ainda, por diversos fatores, parecemos aquilombados. Então passei ainda pelo processo de exclusão e discriminação a que fomos submetidos. Ainda ontem uma colega do blog do inglês postou um texto em que se diz desapontada pela intolerância de alguns americanos com os brasileiros.

Passada quase uma semana das infelizes declarações do “coordenador” da Escola de Medicina da Ufba, e pior, dos protestos de apoio ao “professor” no site da emissora ratifico o que respondi a Zeny, em nosso blog de estudo: a tolerância não é possível. Um verdadeiro regime democrático é uma piada! Não estou sendo radical, mas creio que democracia e tolerância estão fundamentadas em respeito (e mútuo!).

Acabo de ouvir a dúvida de uma mãe que descobriu que o professor do filho é homossexual. Ela, que já achava estranho o fato de o professor nunca passar atividades pra casa, descobriu também que ele mantém um site de relacionamentos e começava a duvidar da capacidade dele de lecionar por conta da orientação sexual! Também tinha receios no que diz respeito a assédio sexual. Ora bolas, onde vem escrito que todo homossexual é assediador, por exemplo? Assim começam, infelizmente, a construção de estereótipos.

É triste compreender, à medida que se estuda, quão mesquinho o ser humano pode ser às vezes em julgar a capacidade dos indivíduos pela cor da pele, crença, orientação sexual, lugar onde nasceu. É triste ver ir por terra ideais de respeito como os iniciados por Martin Luther King Jr., Gandhi, Malcom X, Betinho, Marley e tantos outros!