segunda-feira, 31 de maio de 2010

Minha maratona imunológica

- Já se vacinou? - Não e nem vou.
- Mas Marcus mandou tomar e falou da meningite também. É pra tomar. Tá rolando um surto das duas coisas aqui e não é divulgado, claro!
- Bom. Já que é assim...

Esse pedacinho de diálogo foi a largada para a maratona de ir atrás da H1N1, a vacina contra gripe A ou suína. Minha amiga Bia que já fica em alerta de graça, imagina quando Marcus, o irmão médico, manda “ordens clínicas e superiores” lá de Sampa.

Desde então, trocamos figurinhas sobre os postos que procuramos e não encontramos a tal dose. Imunizar virou sinônimo de aventura. Sem informações em sites das secretarias, ou jornais ou mesmo nos próprios postos, o melhor a fazer era ir de unidade em unidade, como se não tivéssemos mais nada a fazer.

Hoje, por fim, indicada por uma outra amiga, procurei um posto específico e eureka! Consegui tomar a agulhada! Imediatamente liguei para Bia e sugeri que ela parasse tudo. Havia descoberto uma mina de ouro e nossa jóia poderia acabar rapidamente.

Agora, quase seis horas depois, estou aguardando os sintomas da reação. Conheço muita gente que ficou acamado por mais de 2 dias. Era o que não queria, mas dos males, o menor. Também soube de casos que foi somente a dor no braço. Uma agulha tão fininha e uma seringa tão pequena, com um líquido tão poderoso.

Vamos aguardar a vez de imunizar contra a meningite. Pelo menos já sei que é melhor ir na primeira leva. Vou até escrever para o doutor Marcus...

Só vejo a corja

Não sou candidata a nada, mas também já estou pensando nas eleições. Devo confessar, no entanto, que estou pensando nela com raiva. Com muita raiva! Ando muito desapontada com a política. Não! Melhor (ou pior). Ando desapontada com os políticos. Na falta de respeito com que nos tratam, nas melhorias que julgamos em algum momento creditaríamos a eles. E nada. Há um descaso desmedido.

Nos últimos 2 meses tenho trabalhado pedindo ajuda mais que qualquer outra coisa. Há seis meses faço assessoria de comunicação para uma ONG ambiental. Durante todo esse tempo, entre um texto e outro, faço uma espécie de carta de cobrança às secretarias estaduais que nos devem verba. Repasses que não chegam a 20 mil, uma pechincha para o governo, segundo assessores de lá mesmo! Para nossas atividades representa um mundo em dinheiro.

Com tantas conversas, idas e vindas, documentos, relatórios, meses de espera e, por fim, o parecer dos secretários: a grana, a que temos direito, acordada através de convênios e contratos, simplesmente não vai sair! E como manter os projetos? E como manter uma campanha – presente em vários veículos de comunicação – de doação de jornais e revistas para reciclagem? E como dizer às pessoas que participam e trabalham na campanha e na ONG que tudo aquilo vai acabar e não existe previsão de pagamento? Como explicar o encerramento de mais de dez anos de atividades e que tirou da situação de risco social mais de 60 crianças?

A falta de compromisso político tem sido cada vez pior. Não falo somente pela ONG. Tenho outros trabalhos e alguns deles também dependem de verba do governo e, para variar, não vêem a cor do dinheiro. E nem vão ver, já que devido às eleições em outubro, a grana que tinha para sair, deveria sair até agora, em junho. Para não falar somente de trabalho poderia descrever o que está aí, a olhos nus, nos batendo a face todos os dias: postos de saúde lotados (e sem médicos), ônibus da mesma forma, crianças e adolescentes sem aulas, ruas inseguras, me parece até ter mais moradores de rua que o que reparava antes!

Em outubro precisamos mesmo ir lá? Oxalá chegue o dia em possamos dizer se queremos, de fato, ir ou não. Também rezo pela revolução. Mas uma verdadeira, movida a caneta, papel, leis sérias e fiscalização rígida. Sonho com um tempo em que o simples pensar em corrupção cause cada vez mais estranheza, espanto, asco. Ah, é. Mas isso já acontece!!