
Os homens levaram-nas pela BR 324, principal saída de Salvador. Abandonaram o bebê de pouco mais de um ano no carro e seguiram com sua mãe que portava documentos, cartões e afins. Fui zapeando nos intervalos, como de costume, para ver os outros noticiários. O segundo canal de TV já dava conta de noticiar que o pai fora localizado e foi encontrar a criança que dormia no banco de trás do carro. Num terceiro noticiário, encontraram o corpo de uma mulher. Voltei ao primeiro jornal e à sua confirmação cortante.
Não saberia explicar o porquê do choque. Acho até que não foi tanto o ato, quero dizer, não que banalize a violência, mas fiquei pensando nessa criança e seus últimos momentos com a mãe. Nos argumentos que ela deve ter usado a fim de proteger a filha, convencer seus assassinos a deixarem a criança para trás, os seus últimos pensamentos. Por um instante me senti sufocada numa angústia sem tamanho, mas, certamente, menor que a dor dessa família essa noite.
De todos os meus pensamentos um é recorrente: Por quê matar? A noite perdeu a graça e ganhou um não sei quê esquisito e triste.
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