terça-feira, 27 de março de 2012

Mulheres especiais

Matérias especiais preparadas para o Dia Internacional da Mulher.

Espero que curtam.


Mulheres sempre em construção
Ser mãe, executiva, mulher, amiga, amante, dona de casa. Tantas atribuições não são suficientes para algumas mulheres que, ainda com a jornada por vezes tripla de trabalho, adentram universos outrora tipicamente masculinos. Entre as décadas de 40 e 90 percebeu-se um aumento de 2,8 para 22,8 milhões de mulheres com participação ativa no País, um crescimento de 16%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese. Também de acordo com a instituição, em 2005, para cada mil pessoas economicamente ativa na capital baiana, pelo menos 829 eram mulheres.

Em nível local, de acordo com informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador - PED-RMS, sob a ótica ocupacional, o mercado de trabalho da região apresentou desempenho positivo em 2011, movimento que consolida uma tendência de melhoria iniciada em 2004. O aumento das oportunidades de trabalho nos anos recentes foi acompanhado pela redução na taxa de participação da força de trabalho no mercado laboral regional para níveis nunca antes experimentados na região. No último ano, a incorporação feminina na População Economicamente Ativa regional sofreu retração, movimento que contrasta com a tendência registrada nas últimas décadas. A Taxa de Participação desse segmento populacional passou de 51,3% da População em Idade Ativa (PIA) feminina, observada em 2010, para 49,3% em 2011.

Reconstruindo
A falta de mão de obra para atender o boom da construção civil dos últimos anos transformou os canteiros, abrindo espaço para mulheres num reduto tradicionalmente masculino.

Em 2007, elas eram 109 mil. Em 2010, chegaram a 189,3 mil. Ainda representam um universo pequeno -7,67% do total de 2,4 milhões de trabalhadores do setor-, mas avançaram em territórios considerados tabus. Se antes elas estavam apenas cozinhando ou ajudando na limpeza, agora atuam como pintoras, pedreiras, carpinteiras, operadoras de guindastes, caminhões e máquinas pesadas.

De acordo com a empresária e diretora comercial da Arc Engenharia, Virgínia Bittencourt Passos Tanajura, o Brasil, em pesquisa realizada há quase dez anos pelo Fórum Econômico Mundial, com 58 países, ocupava o vergonhoso 51º lugar na desigualdade entre oportunidades de trabalho entre homens e mulheres. Era a pior colocação da América do Sul. “A situação se agravava quando se tratava de Nordeste, onde impera o machismo, sobretudo no mercado da construção civil, predominantemente dominado por pelos homens. A exclusão das mulheres é, na maioria das vezes, tão sutil que nem mesmo elas percebem que ganham menos, têm menos chances de promoções ou chefia.”, apontou.

Virgínia lembra que também desde 1988 a Nova Constituição garante igualdade entre os sexos. Ressalta que o processo de mudança é lento, ainda que contínuo, e é necessário que as mulheres conheçam seus direitos e cobrem pra que sejam respeitados. “Não necessitamos de regalias, queremos o mesmo tratamento que é dispensado aos homens. Até na educação básica de nossos filhos, temos que nos preocupar em mostrar a igualdade, ser contra a discriminação e os estereótipos ‘loura burra’, mulher grávida que não produz, etc.”, destacou a empresária.

Os homens confirmam que a finalização dos trabalhos na construção, com a limpeza e o rejunte, ganha um toque de cuidado e os detalhes são mais minuciosos quando realizados pelas colegas. Os únicos privilégios aqui são o banheiro separado e um cantinho pra guardarmos nossos objetos pessoais. “No mais, trabalhamos muito como qualquer um aqui.”, disse Elenice Pereira, uma das operárias.

Por força das circunstâncias, as mulheres são obrigadas a estudar mais que os homens. Hoje é expressivo o número de mulheres na graduação e pós graduação, superando o percentual masculino. Também são elas que lideram o ranking quando o assunto é mestrado e doutorado no Brasil.

No que diz respeito à construção civil, a inserção feminina aponta uma tendência de humanização na área e que se reforça na qualificação da mulher. “Em geral as mulheres aprimoram mais os estudos e estão mais qualificadas para desempenhar as funções. O diferencial é o aprendizado técnico, explicou a engenheira civil e mestre em análise regional, Rosana Leal. Ainda, para ela o desempenho tem sido tão significativo que algumas vagas passaram a ser priorizadas a elas. “O acabamento, a etapa final, é frequentemente realizada por elas. Os engenheiros justificam que são mais cuidadosas, detalhistas e econômicas com os materiais.”, finalizou Leal.

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