
Na terça fui ver um lançamento de livro e filme no Teatro Vila Velha. O livro tratava da história dos grupos formados no Vila e o filme Esses moços. Há muito queria assistir. Demorei tanto que saiu de cartaz. A estória é sobre um velho confuso entre o que é passado e presente. Após fugir do abrigo, ele encontra duas menores. As meninas, irmãs que resolveram fugir de sua casa no interior da Bahia, fugir de sua mãe e decidiram morar nas ruas da capital. São muitas as temáticas trabalhadas no filme, mas por alguma razão me apeguei a esta: a maneira como as pessoas são vistas quando a velhice (e seus problemas) vai se aproximando.
E não precisamos de ficção. Diariamente os jornais noticiam os abusos que muitas vezes são cometidos pelos próprios parentes ou pessoas próximas: final de outubro os jornais locais na TV mostraram o assalto acontecido na casa de um senhor de mais de cem anos. Com dificuldade em ouvir, demorou em compreender as ordens dos marginais. Foi agredido e estava bastante machucado. Semana passada um outro senhor, de pouco mais de oitenta anos, apanhou de sua esposa, de vinte e poucos. E, segundo a delegada, essa não era a primeira ocorrência deles.
Ah, claro não podia faltar um episódio. A mãe de um dos meus tantos chefes sofreu um Acidente Vascular Cerebral (derrame) há umas três semanas. Ficou hospitalizada, recebeu alta e hoje se recupera bem com os paparicos de filhos, netos e amigos. Os cuidados passaram a ser bastante especiais e também por isso bastante caros. João (o chefe) descobriu que a pensão de sua mãe fora anulada. E (por favor, pasmem!!) nosso eficiente Instituto de Previdência avisou que só suspenderia a o cancelamento se ela fosse levada até a agência.
E como pode ser isso? Ela está se reabilitando. Uma saída dessas podia ser bastante comprometedora, desastrosa até! É inconcebível que eles não possuam agentes capacitados a visitação. Depois de muita indignação que fazer? Meu chefe foi obrigado a levar sua mãe a uma dessas agências para comprovar que estava viva.
Em que tempo alguém podia pensar numa delegacia especializada para idoso? É preciso haver demanda para se adotar tal passo. E, infelizmente, há. Não consigo entender essa violência, sobretudo dentro da própria casa. Sempre tive uma relação muito especial com meus velhos: tios, avós, amigos. Suas experiências são sempre referência.
Mais que a dor física, creio que a dor da humilhação seja mais difícil de cicatrizar, de lidar! Repensar esse tratamento, particularmente na atualidade em que a expectativa de vida vem aumentando, é válido. E vamos (re)educar melhor nossos meninos pra que possam compreender o que existe de tão especial quando aqueles famosos fios brancos começam a surgir nas cabeças alheias. Afinal, serão eles a cuidar dos adultos de hoje.
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