Gosto de futebol desde que me entendo por gente. Lembranças das tardes com meu avô quando depois de todos os afazeres parava para “apriciar uma bolinha”. Não lembro se tinha um time predileto, mas a torcida forte era mesmo pra seleção brasileira. Tomei gosto em ver vinte e dois malucos correndo atrás de uma bola e mais uma galera em casa e nos estádios gritando. Torcedora (e claro, sofredora!) do Bahia, não sou nenhuma fanática, curto mesmo é a bagunça, a farra. Contudo, entendo seu mecanismo social: distrair de questões mais profundas.
Há uma semana sete pessoas morreram, despencando junto com parte da Fonte Nova, maior estádio em Salvador (não sei se do estado). Todos os olhos voltaram-se para capital e alertaram para as condições dos estádios pelo Brasil. E por que essa preocupação? Porque inventaram uma copa pra nós em sete anos. E agora a correria é geral: reestruturar estádios, repensar meios de transporte e segurança e outras coicitas más.
Sinceramente acho uma loucura essa copa em 2014. Outros países devem estar melhor preparados para ser sede do campeonato. Não acompanhei o desenrolar da escolha e não entendi porque só o Brasil foi candidato. De mais a mais, fazer parte do melhor time do mundo é bom pra Kaká, Robinho, Júlio César e Ronaldos (suas contas bancárias agradecem cada vez mais). Na prática não tenho (nós não temos) nada a comemorar!
Mas daqui continuo torcendo: torço pelo dia em que se pense em investir mais em escolas que em estádios de futebol. Pelo dia em que se possa garantir o direito de ir e vir do cidadão que vive na cidade sempre, não somente pra inglês ver. Torço pelo dia em que as pessoas possam sair de suas casas pra (também) ver o jogo, mas não tenham que esperar pelo transporte público sucateado. Se é pra torcer, que seja pelo menos por nosso benefício!
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