sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ser mulher

No “mês da mulher” perdi um bebê. Mais precisamente na “semana da mulher”. Era a segunda gravidez com o mesmo desfecho: aborto espontâneo. Não estou lamentando, já passei disso, estou na fase de buscar respostas sejam elas clínicas, físicas e/ou espirituais. Enquanto não ficam prontas, vou reajustando minhas atividades, minha vidinha de sempre com muito trampo e estudo. No entanto, (re)aprendi a selecionar as prioridades: ter tido complicações sérias nesse segundo processo me fez prestar mais atenção à minha saúde, oferecer mais a mim mesma.


E, numa dessas brincadeiras do divino ou, – e mais provável –, mera organização de cronograma, o módulo trabalhado na especialização foi justamente Gênero, Estudos Feministas e Sexualidade. Aí discutimos, entre outras coisas, o que é ser homem e mulher nos dias de hoje. As explanações feitas em sala mexeram comigo. Refiro-me ao que avançamos, nós, mulheres, em termos de direitos (e as obrigações que vieram também na carona). Penso também no que “deixamos de lado”, afinal, poder ficar com as pernas para cima após o parto parece um sonho.


Falando em parto, essa possibilidade de podermos nos planejar sem a pressão por herdeiros, machos, diga-se de passagem, me parece uma de nossas grandes vitórias. Podermos nos dedicar mais ao conhecimento, ao mercado de trabalho, lembrando logicamente que ainda recebemos, em média, metade da remuneração paga aos homens, me parece outro grande triunfo.


E nessa de querer fazer o que se quer e quando se quer, e mais, ter o poder de refazer essas possibilidades, é que acredito ser essa, uma característica nossa. Correndo o risco de parecer feminista, esse “jogo de cintura” nos pertence, é atávico! Sem medos de rever prioridades, sem medos de traçar metas e sonhos para quando nos sentirmos prontas.

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