domingo, 18 de maio de 2008

Quando eu crescer

Ouvindo Nando Reis. Parei na faixa que melhor me traduz esses dias, quinzenas! No meio da semana fui fazer minha terceira carteira de identidade. A antiga não tinha mais nada a ver comigo, não só fisicamente, mas daquela moça do retrato muito pouco sobrou. Agora era mais um RG numa pastinha plástica perto da carteira de trabalho. Um outro, com a foto de uma menina de uns 12 anos, acho, já aguardava.

É estranhamente engraçado perceber as mudanças físicas. Como o corpo às vezes revela exatamente as mudanças no íntimo. Havia tirado a foto no mesmo dia. Os dreads caindo nos ombros. Pareço e me sinto bem melhor do que as meninas nas outras carteiras. Tem muita coisa pra melhorar, lógico! A boa obra nunca deve estar completamente terminada, ora pois...


Reconheço que as cobranças – que são minhas – por vezes gritam mais alto do que queria escutar. Tenho mais de duas semanas estudando, me preparando para apresentar um projeto e concorrer a uma bolsa de estudos. Ainda falta é coisa. Receio não dar tempo. Seja porquê minha disciplina não é suficiente, seja porquê não quero deixar de fazer outras coisas, tipo meus trampos temporários ou simplesmente porquê não tô pronta pra encarar um mestrado!

Sei lá. E depois de dois dias de bloqueio mental, virei noite escrevendo o bendito projeto. Agora vou relaxar fazendo o exercício de inglês. Depois, nesse dia cinza e chuvoso, vou ouvir mais meia hora de música e voltar pra leitura.

Ah, vai aí a música de Nando que citei no comecinho do papo...


Não vou me adaptar...
Arnaldo Antunes

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar
Me adaptar...

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
E quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava desse tamanho...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar
Me adaptar...

Não vou!
Me adaptar, me adaptar!

2 comentários:

Unknown disse...

menina...como vc escreve gostoso...seus posts me dão vontade de recuperar certo prazer pela escrita, pela inocência, por alguma parte da vida q já desconheço. saudade de vc. bjao.

vevebrito disse...

A menina da foto das carteiras de identidade pode ter sumido, mas a menina Rai, a aluna querida que enchia as minhas aulas com o sorriso e a criticidade das opiniões da hora, essa se revela a cada texto que escreve.e isso é muito bom.
Abração
Vera Brito