Hoje fez um dia tão lindo. Não havia uma nuvem no céu, o sol brilhava forte, o calor não estava sufocando. Quando acordei passavam das dez. Deitei um pouco antes, ainda transferindo os arquivos para Marley. Fazia tempo que não me sentia tão cansada e por isso, apesar da beleza do dia, preferi ficar em casa, vendo TV (ao menos o que restou da programação de qualidade no domingo).
Depois de muito até achei umas coisas boas: Um programa da educativa sobre responsabilidade social, um programa sobre o sistema de tratamento psiquiátrico brasileiro, o finalzinho de um especial sobre Guimarães rosa e, por fim, um musical sobre músicos latinos, gravado em Brasília. Fora o de responsabilidade, os demais passaram na TV senado. Fiquei surpresa. Minha visão preconcebida do canal até se desfez em parte.
Apesar de toda a aparente calmaria, uma tristeza insistia em sombrear. Lembrei da carga da semana, todas as notinhas que fiz. Um bebê abandonado e cortado na garganta pela mãe, uma mãe cujo o filho foi assassinado por policiais e me pedia pra fazer alguma coisa e ontem, no plantão, o desfecho triste dos jovens na cidade de Santo André, em São Paulo. Tenho uma tia que sempre diz que a gente não deve ter pena, se impressionar ou mesmo comentar casos como este. Existe muito mais do que nossos olhos mortais podem alcançar, diria ela. Até concordo. Creio mesmo no resgate de nossas dívidas passadas. Mas enquanto sou, estou nesse mundinho, por vezes é difícil não se abater.
Subi pra ver o sol cair. Há tempos não fazia isso. Enquanto contemplava a exuberância do espetáculo e fazia algumas imagens foi impossível não pensar nas três famílias, pelo menos, para às quais a visão poética e privilegiada da minha varanda não fazia diferença alguma. Ao contrário, até devia doer.
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