Lembro, certa feita, uma amiga acabando de chegar da rua, e ainda não era a quarta de cinzas... Ela quase chorava aos céus: “ah, eu quero mais carnaval!!”. Lembrei de Mari esses dias porque fiz minhas, suas súplicas. E, de fato, todo ano é isso: fico tão eufórica com a chegada de carnaval, tão ansiosa. Planejo cada detalhe para DESCANSAR POR MARAVILHOSOS SETE DIAS! Sim, porque aqui em Salvador a folia começa numa quinta e vai até a outra (e eu nem mencionei os arrastões, as madeiradas, as ressacas e ressacas das ressacas...)
Não é que nunca tenha saído. Quando menor desfilávamos fantasiadas, era outra atmosfera. Uns anos atrás, quase casada, saímos a figura, um casal de amigos e eu num bloco. Nesse mesmo ano saí de pipoca também com outras amigas. Prestando atenção em todo mundo que encostava, não consegui relaxar. Detestei. Muita confusão pra sair de ônibus, as pessoas que saem pra brigar e não pra se divertir e os carinhas abusados que sempre aparecem quando os amigos não estão por perto.
De quebra, ainda trago (literalmente de berço) outro agravante: com os pais policiais, desde menina ouvia só um lado da folia e não era dos mais convidativos. Então fiquei nessa. E minha real preocupação é comum à dos foliões, acredito: fazer escolhas. De uns cinco anos pra cá, fiz de Arembepe meu refúgio momesco. O problema é que outras tantas pessoas passaram a pensar como eu, incluindo os administradores municipais. Resultado? Arembepe também tem carnaval!
Esse ano fui pra Vilas do Atlântico. Tenho uma amiga com uma casa muito bacana lá. Piscina grande, vista maravilhosa. Além disso, a caminhada até a praia é curta e agradável. De mais a mais, o percurso de qualquer lugar até Lauro de Freitas hoje parece mais rápido que pra minha casa. Pra azar de Yêda, acabo indo pra lá mesmo no meio da semana!
Mas minha folia também exige organização, como não?! É uma semana para atualizar minhas leituras e meu lado cinéfilo. O silêncio da rua também é um convite pra visitar minha velha pilha de cds... Mas, como tudo na vida, existe um lado B nessa semana quase perfeita: a ansiedade das respostas. Trabalho, viagens, pesquisa aprovada ou reprovada. A frase é uma unanimidade: “é, só depois do carnaval pra saber isso..!”. Reparou? Independente do que seja, as palavras são as mesmas. Então, o remédio é esperar. E como esse ano promete mesmo muito trabalho para quem quer, considerando o tanto de currículos que joguei na rua antes da chegada de Momo, vou aproveitar os dias que restam. Algo me diz que ao desenrolar da última serpentina, relaxar será um verbo de conjugação luxuosa.
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