Entre as tantas coisas pipocando esse mês, sobretudo essa semana, recebi o resultado de uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE -, em que se constata que os negros ainda ganham menos que os chamados não negros, com uma jornada maior de trabalho. Também somos nós os grandes personagens no ranking do desemprego, de acordo com a pesquisa: no contingente de desempregados, cerca de 90,4% são negros.
É chover no molhado. A constatação do estudo não é bem uma novidade, entretanto, me parece haver não sei se uma consciência maior das muitas correntes do movimento negro, mas, certamente, uma discussão (e prática) maior sobre as chamadas políticas afirmativas e/ou de reparação.
Interessante ver o movimento de uns anos pra cá, um tempo em que as pessoas não se envergonham mais de andar com seus cabelos black power, tranças ou dreads, se exibem com roupas e acessórios étnicos, e mais, não se intimidam em buscar nas altas instâncias seus direitos quando se sentem feridos em sua cidadania e dignidade. Gosto disso, gosto muito.
Não lembro de ter sofrido nenhum tipo de discriminação direta, mas quando me vejo obrigada a estudar mais que os demais e mostrar todo tempo que minha capacidade profissional e a linda cor da minha pele são características distintas e me tornam um ser completo, reflito quão perverso ainda pode ser o sistema que aí está.
Mas mantenho minha fé na humanidade, afinal qual a probabilidade de se eleger um presidente negro no país considerado maior potência mundial há pouco mais de quarenta anos? Além do mais, estudar nunca foi problema para mim, se é preciso apresentar títulos, eu os garanto.
Diria ainda Milton Gonçalves: “Chega de lamentos. Curiosidade e ousadia fazem a diferença. Educação e cultura são bases sólidas para se formar um cidadão consciente”. Faço minhas, tais palavras!
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