Domingo. Sem muitas opções na TV aberta, esperava cair a noite para ver os noticiários. Assistia a matéria sobre a morte do ex marido de Suzana Vieira, atriz, uns 60 e poucos anos. Ele, Marcelo, 38 anos, policial militar expulso da corporação por mau comportamento. Depende químico, viciado em cocaína desde a adolescência, de acordo o depoimento do pai.
Na reportagem, familiares e amigos de Marcelo confirmavam que ele sempre foi muito ambicioso. Morador desde criança de um bairro do subúrbio carioca, teve a vida transformada muito rapidamente depois do casamento com a atriz. Festas na high society carioca, badalações, fotos, viagens internacionais. Em cinco meses de relacionamento juntaram os trapinhos, mas ele vivia à sombra.
Aí começariam os escândalos: Pego com uma garota de programa num motel, teria consumido droga e se recusado a pagar a conta no lugar. Perdoado pela esposa, arrumou uma amante. Fernanda: Universitária, garota rica de Goiás, mais nova. Suzana não o teria desculpado dessa vez.
Ainda sob a luz dos holofotes e páginas de jornais. Marcelo parecia infeliz e testava a capacidade do próprio corpo, sobretudo testava sua resistência à cocaína, de acordo com a psicóloga que o acompanhava também em depoimento ao repórter.
Segundo as imagens da reportagem, no dia do sepultamento somente amigos de infância do bairro pobre e familiares. Nem Suzana, nem Fernanda, nem honras militares.
Há um mês talvez, um canal desses que pega quando quer aqui em casa, anda reprisando o seriado Barrados No Baile. Era uma febre nos anos 90. Assistíamos todos os dias, ainda que não tivéssemos a pretensão de ser um dos personagens. Curioso que já entendíamos a ilusão que costurava os episódios. Não compreendíamos por quê as pessoas insistiam em ser o que não eram.
Para uns a necessidade de se adaptar a uma cidade nova, maior e mais cara. Para outros, a maioria que tinha dinheiro – aliás, leia-se muito dinheiro –, a futilidade, tudo pode ser comprável, negociando-se ou não. Tudo tem um preço!
Hoje, felizmente, assisto à reprise com a cabecinha mais atenta ainda. Fico me perguntando até onde se é capaz de ir em nome da fantasia, do faz-de-conta. Que preço se paga! Por que para alguns é tão complicado subir com as próprias pernas? Por que para alguns é tão fácil se perder no mundo da ilusão?
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