sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Reféns da impunidade – nossas e dos outros

“Passei agora pela Barra e tudo tão iluminado que parece até dia”. Com essa frase mãe entrou em casa, pouco mais das vinte e uma. E disse mais: “quero só ver pra quem vai sobrar essa conta..!”. Eu também. E não venham me dizer que é tudo bancado por patrocínio!

Faltando poucos dias para o carnaval, a cidade tá pipocando de turistas. Todos encantados! Luiz, um amigo de Brasília, já tinha me advertido sobre como se vende Salvador, a Bahia afinal, em outros estados e outros países. Como não vir? Irresistível passar uns dias onde tudo é permitido: um programinha com menores – sem ser incomodado por autoridades - ; jogar lixo no chão, fazer xixi na rua é tão comum! Por que uns turistas alemães não ficariam pelados no aeroporto ou outros no meio da rua em Porto Seguro? A gente nem nota de tão entranhado em nosso cotidiano. Mas vai fazer isso pras bandas de lá...

Outro dia ouvia uma emissora de rádio paulistana que sorteava uns abadás e convites para camarote. A garota “vendia” a facilidade de arrumar mulher dentro do bloco: “elas vêm mesmo cara, não acredita, é muita mulher, dá pra passar as noites beijando, tomando roska”, ela explicava, entusiasmada, ao vencedor.

Tem mais: com tantos ataques a turistas nos últimos três meses, o governo estadual resolveu escoltar os visitantes desde o desembarque, saindo de seus luxuosos navios. Se eu, ao sair do trabalho agora à noite, resolver esticar preciso ter mais cuidado. Os policiais foram orientados a respeito dessa escolha.

E eu nem passei pra esfera federal! Por que é que ninguém faz isso nos Estados Unidos? Na Espanha? Essa nossa passividade já é (re)conhecida por outros tantos países e é o que permite essa sensação. Aqui a gente tolera tudo, sem exigência alguma. Qualquer desculpa, só não podem deixar de vir. Deitado eternamente! Em que pé está a investigação sobre a morte de Jean Charles? E por que? E os deportados da Espanha? Os pilotos do Legacy? E essa suposta inversão dos fatos com a advogada na Suíça?

Nada contra querer melhorar o padrão de vida, ajudar a família, viajar e morar em outro país trabalhando para “ganhar” em moeda estrangeira, mas quando esses fatos ocorrem só me vem a cabeça um boicote! Não ir a lugar algum mesmo. Me chamem ufanista se quiserem, mas desconsiderando a crise, duvido que a economia desses países avançasse não fossemos nós (também), nossas expectativas e esperanças em dias melhores!

Passa do tempo de nós brasileiros aprendermos a cumprir e fazer valer regras e leis. No dia em que internalizarmos procedimentos simples de conduta, saberemos dizer e mostrar aos de fora que aqui, além das mulatas de quadris avantajados, dos homens viris, das festas, do carnaval e do futebol, também existem leis a serem entendidas e cumpridas.

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