Nem faz tanto tempo fiz um post achando bom o fato de não ter tanta coisa ruim nos jornais numa edição dessas. É difícil achar uma resposta, um argumento para esses tempos. Mas ficar indignado e exigir uma solução, não. No ponto de ônibus hoje, três senhores discutiam os fatos e estavam longe de apresentarem argumentos fúteis. “A culpa é desses caras dos direitos humanos. Ficam aí dizendo que criança não pode trabalhar, que tem que estudar e vai pra escola pra quê? Pra aprender a usar droga, a brigar. Eu sempre trabalhei pra me sustentar e não morri, não dei pra bandido, não via nada demais em fazer umas coisas, ter uma ocupação!”, disse um dos debatedores.
Prontamente o outro senhor e uma senhora concordaram. “Os tempos eram outros. As pessoas hoje matam as outras como se estivessem matando passarinho”, disse ela. O outro complementou: “eu sou do tempo que a gente procurava uma oficina pra se especializar, pra ter o que fazer. A gente pagava pros nossos filhos aprenderem um ofício, ir numa oficina mecânica. E quem quer fazer isso hoje? Eles vão pro que é fácil e se perdem”, profetizou.
Fiquei ouvindo os três até a chegada do ônibus. Subí e pensei como essa gente antiga tem uma solução fácil e simples para tudo. E o melhor, viável! Eles tinham saída para os três casos. Para o ex-jogador o ponto de vista dos três era certeiro e lógico: “veja se eu vou matar ninguém porque não me quer mais? Não serviu pra mim, serve pra outro. Vou perder minha liberdade por causa disso? Vejam só! É cada um pro seu lado!” Que lindo! Um pensamento no mínimo harmônico. Quantos crimes passionais seriam evitados com um bate papo desses?
Ainda era manhã e mesmo que se tratasse de fatos tão deprimentes, eu me sentia feliz por saber que mesmo os mais simples não estão alheios ao que lhes cerca, ao contrário do que se diz e se julga. Me sentia feliz por ouvir a sabedoria dos antigos.