Não sou católica. E nem é por isso que não consigo entender as incongruências da Igreja. A menina corria risco de morrer se a gravidez fosse levada adiante. Além do mais, a estrutura física de uma menina de nove anos ainda está em formação. Seria então um sacrifício? Como se não fosse o suficiente ter sido ela molestada por uma pessoa que, em tese, seria alguém que lhe inspiraria confiança?
O arcebispo em questão exigia o arrependimento, a redenção dos envolvidos como modo de voltar a freqüentar a Igreja. Para Cabral, sua missão como médico não poderia ser outra. Disse ainda que a mãe esteve, o tempo todo, ao lado da menina e concordou com a decisão médica e ainda escondeu da criança a real situação. “a menina acreditava estar com verme. Foi o que a mãe dela contou a ela.”, disse o médico.
A bronca do arcebispo espirrou até no presidente. Lula foi orientado a procurar um teólogo para ter mais informação e argumentos para tratar a situação. Mas que outros argumentos precisava, precisa a igreja a não ser o risco eminente de morte à vítima, nesses casos, e ao tal final dos tempos, tão cantado por representantes de pontífices e crentes?
Infelizmente é cada vez mais urgente abrir espaço a discussões como essas que extrapolam as paredes de templos religiosos ou dos templos do direito pura e simplesmente. É preciso reavaliar a conduta – ou a sua ausência – do ser humano, mas, sobretudo, é preciso reaver em que ponto de nossas vidas deixamos de lado o amor ao próximo, exaltado em muitas passagens bíblicas.
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