terça-feira, 23 de junho de 2009

Sorvete de mangaba e diploma de jornalista

Desde o dia 17 de junho o diploma não é mais obrigatório para quem quer ser jornalista por essas bandas. Sinceramente ainda não entendi a que propósito vai servir essa medida. Ser jornalista é quase uma causa nesse país. Pelo menos ser um bom jornalista. Sinto-me lesada em minha escolha profissional. Acho que nenhum daqueles senhores do Superior Tribunal computou minhas noites acordadas, os dias que renunciei estar com minha família e meus amigos para estudar, meus quatro anos cortando a cidade pra ter aulas num município vizinho, mais um ano de especialização, minhas pesquisas, minhas prateleiras de livros, que não são nada baratos, diga-se de passagem! O recado que eles me dão – mais uma vez – é: “tô me lixando pra seu investimento”. Agora todo mundo – e qualquer um – pode.

Sempre gostei de jornais, noticiários, informação, principalmente em impressos. Já nos tempos de escola não via complicação em organizar as idéias também. Comunicação para mim é tão simples quanto um sorvete de mangaba na Ribeira, em dezembro. É quase lógico! Foi uma decisão fácil. Embora enveredasse ao chamado lado visual gráfico do jornalismo. A maneira como “desenhar” a informação para o leitor, colocando de forma mais fácil e clara o entendimento da notícia. Embora seja uma área menos concorrida dentro do jornalismo, é preciso estudo contínuo, sobretudo porque é complicado brigar com as possibilidades da internet. É preciso chamar e segurar a atenção do público.

O que aprendemos em sala de aula diferencia nosso texto daqueles que começam com um simples era uma vez. Não são fórmulas, mas é o que transforma um texto qualquer em informação. E isso, não dá para aprender sozinho. É preciso dedicação, é preciso estudo. Como qualquer outro jornalista, não vejo com bons olhos esse despautério. Um retrocesso! Os sindicatos regionais e a federação dos jornalistas estão em polvorosa. Me consola saber que os grandes e sérios grupos de comunicação não vão deixar de ter em seus quadros profissionais qualificados para dar espaço a tentativas. Também não me iludo. Caso isso não aconteça, não será por coerência ou idealismo dos donos, mas porque a decisão de se arriscar implica em possíveis perdas comerciais, afinal um jornal é um negócio como outro qualquer. De mais a mais ainda, na maioria das vezes, quem responde pelo jornal quase nunca é jornalista. Ter um jornal não significa lutar por uma causa!

O pensamento é tão lúcido! Imaginem o que seria de nós, pobres mortais, sem a existência do registro dos médicos? Pensem nos pseudo doutores brincando em nossos corpos, com nossas queixas, na tentativa e erro de um prognóstico? Agora é ver o que nos aguarda. Compremos uma bela moldura para pendurar o jornal do dia do maior absurdo profissional que tivemos ou guardar o diploma, um documento onde um dia depositamos nossos sonhos de nos tornarmos bons profissionais e juramos exercer com dignidade o papel de noticiar, de informar.

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