segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país...

Viva a bossa sa, sa
Viva a palhoça ça, ça, ça, ça...

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga, estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão...

Viva a mata ta, ta
Viva a mulata ta, ta, ta, ta...

No pátio interno há uma piscina com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis...

Viva Maria ia, ia
Viva a Bahia ia, ia, ia, ia...

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes pelos cinco mil alto-falantes

Senhoras e senhores ele põe os olhos grandes sobre mim...
Viva Iracema ma, ma
Viva Ipanema ma, ma, ma, ma...

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça porém!
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno meu bem!
Que tudo mais vá pro inferno meu bem!...

Viva a banda da, da
Carmem Miranda da, da, da, da...

Um comentário:

Juca Badaró disse...

humm... música da época em que Caetano valia a pena. Adoro! Olha só, momento revolucionário é amiga?