Me lembro da farra que nos aguardava aquela tarde de algum dia em 1994, acho. A idéia era estudar. Até fizemos, já no final do dia, a muito custo. Chegamos à casa de Aline e André, dois irmãos, pouco antes do almoço. Dona Conceição, mãe dos meninos havia preparado um verdadeiro banquete para os amigos dos filhos. Muito reservada não era todo dia que tinha amigos dos filhos em casa. Não era dada a essas intimidades o tempo todo. Professora, sempre, prezou os estudos.
O tempo passou, a amizade se manteve. A família começou passar seguidos verões em Arembepe, litoral. Da turma que andava junta, eu fiquei mais próximo e passei a freqüentar, além da casa em Mussurunga, todas as casas na praia. Apaixonada pelo lugar, finalmente dona Conceição convenceu toda a família e mudaram-se para praia.
Passaram-se os anos, os meninos já crescidos, cada um tomou seu rumo, mas sempre por perto. Aline e eu estivemos juntas final de ano com Guto que curtia férias. Ainda hoje nos falamos duas vezes.
Era começo de noite quando Liu me ligou. “Rai, minha mãe faleceu.” Senti uma dor tão profunda. Ela sempre me lembrou, fisicamente, a minha mãe. Tinham problemas semelhantes de saúde então estávamos sempre trocando figurinhas a respeito de novos medicamentos, remédios caseiros. E não era só isso. Havia me adotado na família, abriu as portas de sua casa, não somente porque era amiga de seus filhos, mas porque a conquistei, segundo Aline.
Chorei muito. A vontade que tinha era ir pra lá imediatamente e ficar ao lado de meus amigos. Estava tarde pra pegar a estrada. Eles próprios me convenceram a ir amanhã. Vai ser um dia difícil. Um dia de despedida.
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