quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O presidente pop star e o pó de pirlimpimpin

Lembro feito ontem minha emoção naquele 05 de novembro acompanhando no rádio e na TV a apuração dos votos para o então candidato Barack Obama. Aquela madrugada se confirmaria como um momento que parecia impossível há muito pouco tempo na história: a nação mais poderosa do mundo colocaria no mais alto posto um homem negro e de experiências pessoais e familiares tão distintas que iriam compor sua visão de mundo e ampliar o que ele entendia por direito e respeito à diversidade.

Pouco mais de dois meses passados e Barack Hussein Obama toma posse como presidente norte americano, o 44º daquele país. Me preparei para assistir pela TV a cobertura dos colegas que tiveram o privilégio de acompanhar tão de perto esse marco, mais um divisor de águas na história mundial. Não é por se tratar dos Estados Unidos da América, nunca alimentei sonhos de conhecer aquele país, muito ao contrário, mas não há como negar o valor histórico que a ocasião merece.

E tudo foi grandioso na posse de Obama, como não poderia deixar de ser, levando em consideração a importância do evento. A começar pelo número de pessoas ali presentes, segundo a rede CNN, emissora local: mais de dois milhões de pessoas, estima-se. Elas ignoraram o frio que batia a casa dos 5 graus negativos com sensação térmica 3 vezes maior, segundo colegas que faziam a transmissão. As pessoas se amontoavam e voltavam atenção, olhos e ouvidos aos telões e pareciam hipnotizadas pelas atrações apresentadas na solenidade. Um discurso de cerca de vinte minutos levou mulheres, homens, velhos, jovens, negros e brancos às lágrimas.

Acompanhando a excelente transmissão feita pela Record News, tive oportunidade de ouvir convidados, especialistas em relações internacionais e professores de universidades diversas no Brasil e exterior. Eles explicavam a situação dos Estados Unidos em meio à crise – e o efeito dominó causado por ela – e a confiança exagerada depositada no novo presidente. A questão não é competência, mas fazer o que é possível. Não somente os olhos do mundo, mas principalmente os bolsos, esperam que Obama opere um verdadeiro milagre!

Tenho aprendido, sobretudo em política, que a linha que divide a sensatez, a sanidade e mesmo as ações incentivadas ou movidas pelo desespero, do real são muito tênues. Num dos flashes da transmissão pelo mundo, uma jovem mulher acompanhava a posse de Paris e dizia esperar que Obama salvasse o mundo. Até visualizei a cena. Tal qual esses filmes americanos, qualquer desses enlatados em que o herói veste uma capa vermelha e azul com estrelinhas brancas no detalhe. Ele aparece com algum super poder e salva os pobres mortais de um vulcão gigante em erupção, um maremoto, forças ocultas, um ataque extraterrestre, sei lá. Vê a linha fina entre as obras de Spielberg e o pleito americano na cabeça de alguns? Espero e torço mesmo que as pessoas consigam distinguir a ficção da realidade.

Nada será fácil, entendo isso. Quando pensamos na globalização como um ponto positivo da nova ordem, acho que não lemos as letras miúdas onde estavam escritas as entrelinhas da economia, da política e se colocava em prática um velho dito canarinho: “pau que dá em Chico...”. Tudo feito por aquelas bandas vai afetar mais cedo ou mais cedo todas as demais bandas.

Lógico que os estadunidenses esperam que as centenas de milhares de dólares investidas somente no aparato de segurança do presidente sejam revertidas em ações enérgicas e/ou imediatas. Obama, no entanto, deixou claro em seu discurso que será necessária a colaboração de todos para que os planejamentos se concretizem em médio e longo prazo.

Agora é esperar pra ver. Façam suas apostas.
Minha fé humanista me diz que vale à pena crer nas possibilidades.
Imagem: banco de imagens google

Nenhum comentário: