E quando eu acho que já ouvi todos os absurdos do que se diz ser música popular, alguém escreve – sem muito trabalho – uma coisa pior. E agora, próximo das festas de junho, isso é percebido gritantemente. Existe explicação numa “canção” que traz no refrão “chupa que é de uva” e a resposta a ela tem o refrão não menos absurdo “senta que é de menta”. Oh, Jah, me salve!
Faz tempo que essas pérolas me incomodam. E nem tô falando de axé, seus aaaas, êees, pega daqui, bota mão lá, desce e sobe e cia. Essa semana, na terça acho, lia uma matéria no jornal local em que o autor reclamava exatamente a mesma coisa. Em poucas palavras, questionava onde foi parar a sensibilidade de letras como: “olha pro céu meu amor, vê como ele está lindo...”. Essas canções embalaram tantos forrós. Eu mesma dancei (uns aninhos atrás) nas muitas festas de São João que participei, aqui ou no interior. Valha-me Gonzagão!!
Ainda que tentasse deixar um pouco de lado a veia feminista, é impossível não achar minimamente asquerosas letras que descrevem atos sexuais e a forma como a mulher é transformada em objeto descartável. Entendo que os trocadilhos não sejam nenhuma novidade, afinal “quem não conhece severina xique-xique?”. Ou mesmo saindo das celebrações juninas, “o entra e sai de amor” e a sutil safadeza do Lobo bobo. As intenções estão nas entrelinhas e, muitas vezes, é o que garante o brilho e a emoção das canções.
Não dá nem pra se sentir aliviado pela brevidade das festas de junho, esperando que, ao seu término, a enxurrada de baboseiras pegue carona. É o tipo de coisa que funciona como a Hidra: cortada uma cabeça, aparecem outras tantas!
E quando penso nas roupas típicas que deram lugar às peças mínimas vistas em espetáculos também me pergunto o que estamos permitindo fazer com nossas raízes e tradições. E, depois de junho, as "cabeças pensantes" estarão a todo vapor para carnaval. O remédio é preparar os dedos seja pra mudar o dial ou tampar ou ouvidos!
Imagem dos grandes mestres: Banco de imagens Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário