quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Em 2009 faça mais (e melhor)!

“Invente, tente, faça um ano diferente...!”. Lembrou dessa, né? Que bom, assim não me sinto sozinha nos meus trinta! Pois é amigos, pensei no que seria legal pra fechar o ano e escrever o post de número cem. E pra quê queimar mais as pestanas? Nada melhor que um texto de reflexão do que foi feito e as expectativas para 2009. Nada original, concordo, mas não dá pra fugir do óbvio sempre.

E olha, não sei quanto a vocês, mas êita ano trabalhoso!! Não é bem uma queixa, afinal, aprendi a gostar do ritmo de vida que adquiri. Muitos lugares (alguns ao mesmo tempo), novas oportunidades, novas amizades – ou outro olhar para as antigas –, contatos que frutificaram em boas amizades! Posso mesmo dizer: teve de tudo!

Mas meu ano não foi só trabalho, assim ninguém agüenta, né não? Poucos amores, mas que deixaram suas marcas – e respectivos lugares – direitinho no coração. Pessoas que serão sempre parte de minha vida, parceiros de momentos maravilhosos, e que, hoje, se tornaram amigos muito queridos.

Me lembro que recusei fazer lista com o que queria para esse ano. Acho até que foi um conselho da Foca. De qualquer maneira, deu pra concretizar muita coisa. Coisas pequenas, mas que hoje dão um ar de organização na minha vidinha. Aprendi a agradecer sempre a cada coisinha dessa conseguida. Na dúvida, as que não que não conseguia, agradecia também.

Consegui por um pouco mais de qualidade no meu tempo: Aprendi a dizer não sem me sentir constrangida, aprendi a dizer não quero, não me interessa. Também entendi que não há nada demais em correr atrás do que se quer, quando realmente se quer. Li e escrevi mais. Passei mais tempo ouvindo Maysa, Trio Irakitan, Roberto e outras valiosas velharias com minha mãe. Brinquei mais, vi desenhos animados e li livros e gibis com Gabriel. Conversei mais com minhas irmãs em casa, estive com irmãs por parte de pai, conheci as pestinhas das minhas sobrinhas.

Já no finalzinho do ano me apaixonei por novos projetos, novos amigos, revi pessoas que não encontrava há anos! Me rendi às facilidades e praticidades do Orkut. Me esbaldei no networking!
Ufa!

Então, o que poderia querer para 2009? Mais de tudo isso, oras! Que venham mais 365 dias pra ter mais um pouco de tudo. Mais 365 oportunidades, no mínimo, pra agradecer a Deus, jah, oxalá, pai, forças, o que seja. Mais chances de pedir desculpas e refazer, se der. Mais vezes pra tentar, se não der, paciência, mas como vai saber?

Amor, trabalho, estudo, dinheiro, crença, opções. Senhoras e senhores, amigos, ao se lançar ou se retrair, saibam, entendam ao menos por que o fazem! Afinal, aí vêem elas: mais 365 oportunidades de viver e sermos felizes!

Vamos aproveitar!
Feliz ano novo, gente!

Vista de Arembepe ao cair da tarde - Guto

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Só para maiores

Há muito elegi o banheiro como lugar para pensar. Nem adianta fazer essa cara porque conheço um monte de gente que compartilha a idéia. É um tempo que você fica meio de bobeira, ali com você mesmo, então o que faz? Pensa, oras! É matemático. Daqueles momentos saem soluções pra coisas que nos perturbaram durante o dia, repensamos decisões que poderíamos fazer diferente. Filosofamos sobre a vida. Sei lá, acho que é porque estamos, quase sempre, relaxados, relaxando ou tentando.

Tomando coragem pra lavar o cabelo – leia-se, pra desembaraçá-lo! – comecei a lembrar meus amores. Os que foram e os atuais. Pensei como é difícil achar amor, papo interessante, companheirismo e tesão num mesmo corpo. Quer dizer, até encontrei, mas quando entendi que tinha conseguido a tal mina de ouro, não soube administrar, era tarde. Acontece.

É bom sentir que a pulsação vai nas alturas ao encontrar uma pessoa, ao simples toque daquelas benditas mãos na cintura. Mas, com o tempo, só isso cansa. É preciso um algo mais pra hora da desaceleração. Na contra mão do pensamento, conversa em demasia também faz uma coisinha ficar dando looping na cabeça: “mas que horas você vai perceber que a gente tem coisas mais interessantes a fazer com a boca?”

Conheci figuras que me deixaram de pernas bambas num simples alô, e que, horas mais tarde, pessoalmente, me tinham nas mãos, completamente trêmula. Outras, no entanto, que passei momentos perfeitos, tocando violão, cantando cantigas que adoro, ouvindo CDs, cozinhando, vendo filmes. Horas incrivel e igualmente excitantes.
Cada um no seu tempo. Talvez a graça seja extrair uma e outra característica, temperar as ocasiões, temperar a relação, entendendo o seu momento e da pessoa ao lado. É gostoso vir dando uns beijos mais quentes no carro, preparando o terreno pra noite – ou pro dia – e ficar relaxadamente deitado depois pensando nas loucuras do caminho.
É igualmente prazeroso um jantarzinho, uma boa seleção musical ou um filme até a hora do cochilo...

E as lembranças...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Saudade

Por tudo que foi e que, ainda hoje, representa em minha vida...
Pela força, carinhos, mimos, afagos, cuidados...
Pela doçura nas palavras, nos gestos...
Pela saudade que sinto nesses vinte e três anos de sua ausência...

Eu no colo de minha avó, Vovó Du, na Cardeal da Silva, onde passei minha infância feliz de menina criada com vó...

domingo, 21 de dezembro de 2008

No alvo

E na semana em que uma sapatada roubou a cena internacional, me coloquei no lugar do colega iraquiano e pensei em quantas pessoas gostaria de atirar uns pisantes. Mas eu queria era acertar! Até que minha lista não ficou muito grande. Mas devo confessar que o quase ex-presidente dos EUA estava incluído nela. Poderia começar por alguns clientes aos quais prestei serviços e ainda não vi a cor do dinheiro. Tem também o dono do mercadinho aqui da esquina que insiste em vender sem emitir nota fiscal ou dar troco de 2, 3 ou quatro centavos. Os caixas sempre arredondam. Compro lá só quando não tenho mais alternativas e quase sempre compro, de quebra – e com o perdão do trocadilho -, uma briga.

Procuraria sapatos especiais para Fernandinho Beiramar. Ele concedeu uma entrevista, de dentro do presídio de segurança máxima, a um repórter da Record. Condenado por homicídios, formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas, tantos delitos nos quais, segundo a reportagem, a pena seria de mais de cem anos de reclusão, Beiramar pensa em estudar direito – ensino a distância – e ainda pediu para o repórter interceder junto ao diretor da penitenciária. Pedia castigos mais brandos. Eu posso?

Os sapatos da formatura, ainda muito especiais, aqueles de salto fino, deixaria reservado àquelas pessoas, falsos colaboradores das campanhas em Santa Catarina, flagrados roubando os donativos enviados. As mãos chegam a tremer. As ações ultrapassam o limite da desonestidade, é uma crueldade. Não é bastante que os desabrigados se vejam subtraídos em sua dignidade?

Ah, também queria acertar aquelas figuras que usam os assentos reservados e, quando sobem os velhinhos ou mulheres grávidas, fingem dormir. Agora ouço o programa do Bello. Aquele mesmo. Cantor, condenado e preso por tráfico de armas. Ganhou um programa de TV num canal local. As atrações são terríveis! Sapatos neles!

Opa! De repente me ocorreu um monte de nomes e personagens. É melhor parar por aqui, afinal, não sou uma centopéia e não tenho tantos sapatos assim!

Corrente da diferença

Assistia TV essa tarde e devo confessar que a programação estava muito boa se levar em consideração que é domingo e que não tenho TV a cabo. É um dia em que normalmente vejo a TV Cultura, a Record News e/ou TV Senado. Tem sido uma grata surpresa, quase sempre. Num dos programas apresentados pela Record, um especial sobre a vida de Nelson Mandela. É fascinante o poder que ele ainda exerce sobre as pessoas não somente da África do Sul, mas de todo o mundo, sobretudo líderes de diversos países.

A maneira como as muitas comunidades africanas o recebiam com suas danças, músicas e gritos. Somente Mandela pra conseguir juntar num mesmo evento os ex-presidentes Fidel e Bill Clinton, este, aliás, muito à vontade. Pensei em como algumas pessoas simplesmente fazem a diferença onde chegam. Suas histórias, mas acima de tudo, seus gestos e ideais. Também na Record News, um dos boletins diários mostrava as pessoas que perderam tudo com as enchentes do estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais estes últimos dias. Moradores dos locais atingidos e brasileiros de outras cidades novamente se juntaram para ajudar. Fizeram a diferença na vida de pessoas que mal conhecem. Em ambos os casos prevaleceu, simplesmente, a possibilidade de melhorar a vida do outro.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Os "inta" e todos os "entas" - sufixos que nos assustam, enlouquecem e nos tornam seres felizes!

No começo dessa semana estive em Arembepe. Guto e eu viramos a madrugada conversando. E ponha papo nisso, afinal são 5 anos pra passar em poucos dias. Repensamos nossas vidas, desde o tempo bom do colégio. Ah, se nossas preocupações permanecessem as mesmas! Estamos satisfeitos com o que nos tornamos. Bom, queremos um pouco mais da vida e acho que não há nada de ruim nisso. Ambos queremos viajar muito ainda, conhecer, saber. Isso nunca é demais, quero dizer, é o tipo de coisa que ninguém leva, ninguém nos tira.

Pois que falamos de mercado de trabalho, viagens, nossas dores de amores, expectativas. Gutinho anda preocupado com a chegada dos trinta enquanto eu curto – e tenho aprendido a fazê-lo cada vez mais – dia após dia dessa fase. É divertido perceber como homens e mulheres encaram de modo diferente as fases da vida. Há divergências também entre os homens, por certo. Guto já esconde, como bom leonino que é, os fios brancos que já não são poucos. Também tenta esconder as temíveis falhas capilares e barriguinha saliente.

Sinceramente acho isso uma grande besteira! E como negar o que nos tornamos como o passar do tempo? Nossa identidade, as marcas do nosso tempo? Vá lá, alguém vai sempre dizer que na pele negra as tais marcas demoram sair, que não ligo porque ainda não tenho tantos cabelos brancos, que sou "magra de rúim", sei lá...

Logicamente também conheço mulheres que tingem os cabelos, põem – ou fariam se pudessem – botox, silicone, o que der e puder. Ainda acredito no poder da malhação, embora não faça nada, por falta de grana ou por pura preguiça!

Acho que todos seríamos mais felizes se simplesmente aprendêssemos a nos cuidar sem exageros, nos gostar como somos e, em vez de ficar procurando cabelo em ovo, aprendêssemos a respirar melhor, deixar de olhar apenas, mas também ver melhor, exercitar mais a paciência e tolerância, dizer não sem se agredir ou culpar, gratificar a alma. Não é fácil, nem instantâneo, mas é o tipo de visão que também se ganha com o tempo, vem na bagagem dos trinta!

Lendo e me divertindo

Para todos os leitores, mas, sobretudo, às leitoras, dêem uma passada no endereço: http://conversademenina.wordpress.com. Duas jornalistas com as quais tive o prazer de dividir o estresse do jornalismo diário durante os três meses em que trabalhei no A Tarde On Line. Andreia e Alane criaram um blog e brincam todo tempo com nosso universo. Penso que estão se divertindo muito, assim como eu quando leio cada post.

Somos estranhamente parecidas. Todas nós. Queremos ter nosso espaço sem deixar de trabalhar, ser independentes, sem, contudo deixar de cuidar de nossa casa, filhos. Se tudo isso vier acompanhado de uma pessoa legal, então.

Sonho? Utopia? Milagre? Nada disso ou tudo isso junto! Assim funciona nosso universo, assim somos nós!

Confiram e divirtam-se!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O que parece ser e o que é, de fato. Sobre Suzana, Fernanda e Marcelo: barrados no baile

Domingo. Sem muitas opções na TV aberta, esperava cair a noite para ver os noticiários. Assistia a matéria sobre a morte do ex marido de Suzana Vieira, atriz, uns 60 e poucos anos. Ele, Marcelo, 38 anos, policial militar expulso da corporação por mau comportamento. Depende químico, viciado em cocaína desde a adolescência, de acordo o depoimento do pai.

Na reportagem, familiares e amigos de Marcelo confirmavam que ele sempre foi muito ambicioso. Morador desde criança de um bairro do subúrbio carioca, teve a vida transformada muito rapidamente depois do casamento com a atriz. Festas na high society carioca, badalações, fotos, viagens internacionais. Em cinco meses de relacionamento juntaram os trapinhos, mas ele vivia à sombra.

Aí começariam os escândalos: Pego com uma garota de programa num motel, teria consumido droga e se recusado a pagar a conta no lugar. Perdoado pela esposa, arrumou uma amante. Fernanda: Universitária, garota rica de Goiás, mais nova. Suzana não o teria desculpado dessa vez.

Ainda sob a luz dos holofotes e páginas de jornais. Marcelo parecia infeliz e testava a capacidade do próprio corpo, sobretudo testava sua resistência à cocaína, de acordo com a psicóloga que o acompanhava também em depoimento ao repórter.

Segundo as imagens da reportagem, no dia do sepultamento somente amigos de infância do bairro pobre e familiares. Nem Suzana, nem Fernanda, nem honras militares.

Há um mês talvez, um canal desses que pega quando quer aqui em casa, anda reprisando o seriado Barrados No Baile. Era uma febre nos anos 90. Assistíamos todos os dias, ainda que não tivéssemos a pretensão de ser um dos personagens. Curioso que já entendíamos a ilusão que costurava os episódios. Não compreendíamos por quê as pessoas insistiam em ser o que não eram.

Para uns a necessidade de se adaptar a uma cidade nova, maior e mais cara. Para outros, a maioria que tinha dinheiro – aliás, leia-se muito dinheiro –, a futilidade, tudo pode ser comprável, negociando-se ou não. Tudo tem um preço!

Hoje, felizmente, assisto à reprise com a cabecinha mais atenta ainda. Fico me perguntando até onde se é capaz de ir em nome da fantasia, do faz-de-conta. Que preço se paga! Por que para alguns é tão complicado subir com as próprias pernas? Por que para alguns é tão fácil se perder no mundo da ilusão?

Olhando para o próprio umbigo

Agora entendo. É quase um vício. Quando se torna militante, quando se compra a briga, é difícil sair. Estive num seminário promovido pelo grupo de resgate cultural ao qual presto assessoria de comunicação vez em quando. Em pauta, os 60 Anos da Declaração dos Direitos Humanos. Tudo mastigado, trazido para as questões cotidianas daquela comunidade. E como isso faz diferença!

Não é somente a paixão que move os palestrantes, os promotores, os que estão por trás da organização dos eventos, enfim. Mas, e principalmente, nos motiva saber que serão eles, integrantes do público alvo, os multiplicadores desse conhecimento. Serão eles a pôr em prática o que viram nas salas, salões, nos slides apresentados.

Pode parecer utópico, mas, cada vez mais percebo que o movimento social é o caminho para a transformação, melhorar o que está aí. E cada vez me envolvo mais, entendo a necessidade, a demanda. Agora planejo um curso rápido e básico de comunicação, sob pretexto de alimentar o blog do grupo, penso em algo que os incentive a escrever, o que os obrigaria a ler mais. Sei que a tarefa não é fácil, mas vamos tentar.

Vamos transformar!

domingo, 7 de dezembro de 2008

É o que me interessa

Curioso como tem sempre uma canção, aquela que traduz fielmente nosso momento... A clareza das letras parece até que o autor nos conhece. A bola da vez é essa de Lenine. Tá, sei que não é novidade aqui, já declarei minha paixão incondicional pelo multiartista pernambucano! Mas esse período é particularmente especial. Também Lenine afirmou, em entrevista, que essa letra representa esse tal olhar atento e especial nessa fase de sua vida. Se o que quer ainda não está claro, o que não quer deve estar ao alcance, sempre. Então, só resta prestar atenção e se não for esse o seu momento meu velho, relaxe, ele chega, pode estar certo...

Daqui desse momento,
do meu olhar pra fora,
o mundo é só miragem...


A sombra do futuro,
a sobra do passado,
a sombra é uma paisagem...

Quem vai virar o jogo
e transformar a perda em nossa recompensa?

Quando eu olhar pro lado
eu quero estar cercado só de quem me interessa...

Às vezes é um instante,
a tarde faz silêncio,
o vento sopra a meu favor...

Às vezes eu pressinto
e é como uma saudade de um tempo que ainda não passou...

Por trás do seu sossêgo,
atraso o meu relógio,
acalmo a minha pressa...

Me dá sua palavra,
sussure em meu ouvido só o que me interessa...

A lógica do vento,
o caos do pensamento,
a paz na solidão...

A órbita do tempo,
a pausa do retrato,
a voz da intuição...

A curva do universo,
a fórmula do acaso,
o alcance da promessa,
o salto do desejo, o agora e o infinito...

Só o que me interessa...!

Lenine





Foto: vista da Cidade Baixa pela varanda de casa

sábado, 6 de dezembro de 2008

Filhos para o mundo

Vivendo a expectativa de uma viagem, um bom período fora cassando trampo, pesquisa e/ou qualquer tipo de novidade, com diversão, é claro. Até me inscrevi em programas de estudo, fiz alguns contatos. A Foca, minha fiel escudeira e incentivadora - não exatamente nessa mesma ordem -, sempre me diz que mochila nas costas é minha cara!

Uma coisa, no entanto, estava me incomodando bastante: ainda não havia conversado com meus pais sobre minhas decisões e ambições. Vai que uma dessas viagens sai e é internacional? Uma coisa é botar umas roupas na bolsa e arriscar em Sampa, isso eles já acostumaram, outra coisa é sair do país. Hoje joguei pros dois. Ficaram apreensivos, mas fazer o quê além de abençoar, apoiar e desejar boa sorte? São mais de trinta aninhos, quase não podem mais dizer o que fazer, oras... Felizmente, não precisei me utilizar desse argumento.

Explicar meus desejos até diminuiu minha ansiedade. Sei que não dando certo, é o lugar que tenho pra regressar, sempre. Mas aquele velho dito popular às vezes cai como luva: “a gente cria filho pro mundo”. Com certeza isso é frase de homem! O velho instinto materno condena com outra frase: “quando você for mãe, você vai me entender!” Jah, isso é quase uma ameaça! Por que elas nos querem tanto tempo sob a asa mesmo?

E como entender a necessidade de voltar, se não saímos?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

As rosas não falam

Bate outra vez com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim
Volto ao jardim com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai
Devias vir para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe sonhavas meus sonhos por fim...

Cartola

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Escolhas

E quem nunca teve de escolher nessa vida?!
Quase sempre é difícil abrir mão de alguma coisa, do que está próximo, do que nos já é conhecido...

No decorrer do caminho nos damos conta que não dá pra ter tudo e, quase sempre, quando optamos por caminhar algumas trilhas, deixamos de andar em outras. Assim também o fazemos nos relacionamentos. O pior: tem sempre alguém machucado, às vezes os dois lados, e isso, infelizmente, é inevitável!

Mas por que será que aprendemos, crescemos com a dor mais facilmente que com o amor, não é verdade? E são essas marcas que nos tornam pessoas mais maduras, quem sabe, mas, com certeza, pessoas melhores para nós mesmos e para os outros.
Uma amiga me disse há alguns dias. Tudo muda, nada permanece estático no lugar, nem pedra, nem raiz. Também elas, se dão a oportunidade de mudar, sem medo, buscando serem mais felizes, quem sabe?!

Justiça cega

Cada vez mais fico impressionada com a justiça brasileira. De como seu símbolo, um ser de olhos vendados, lhe cai como uma luva e dá margem a tentas interpretações que não a original. Fico me questionando se a idéia de tratar a todos igualmente, sem ver quem é, já funcionou em algum momento.

Na mesma semana em que uma amiga teve a audiência que trata a guarda de sua filha adiada mais uma vez, banqueiros e empresários são soltos, depois de comprovadas denúncias de fraude, tentativa de suborno e corrupção. No caso da minha amiga, a juíza alegou que se atrapalhou com o horário da audiência e simplesmente foi embora. Deixou a todos nós lá, aguardando. O processo rola há dois anos. A criatura já nem se aborrece mais com as falhas: a intimação não foi entregue ao pai da criança porque não encontraram o endereço, a intimação não foi entregue porque o oficial ia de ônibus e não tinha dinheiro pra passagem. Sem contar com a advogada dela que ajuda mais a outra parte que ela mesma. Olha, poderia enumerar muitos pontos desse caso específico.

Então penso que as coisas são bem piores porque ela não é a primeira a passar essa situação e, infelizmente, não será a última (muito menos a única!). Temos mais uma rodada essa semana. Não sei se esse já é o desfecho da novela, mas estamos confiantes. E o que mais nos resta a não ser acreditar?

domingo, 30 de novembro de 2008

Gutemberg

Lembro dos primeiros contatos na escola. Curso técnico em processamento de Dados, na Escola de Processamento de Dados da Bahia. O ano era 1993.

Inquieto, curioso, os olhos não se fixavam num ponto. Tudo parecia interessante. A figura magricela, camisa sempre por fora da calça, cabelos enroladinhos e aquele impagável bigodinho, gente!!! Pois é, a julgar pelo físico, ninguém dava nada. Aos poucos foi botando as manguinhas de fora. Virou o famoso CDF! Um nojo! Desses caras que não passavam pesca pra ninguém. Tem cabimento um troço desse?

O curso duraria três anos. A turma foi se conhecendo, se entrosando. Advinha quem veio se chegando? E assim descobrimos que o leonino Gutemberg Padovani (que passou a se chamar Guto para nós, os poucos íntimos!) sempre foi aquele menino estudioso em Santo Amaro da Purificação, aquela terrinha que vira e mexe exporta um cabeção pensante!

Nos formamos e a amizade ficou tão forte que fazemos parte da família um do outro. Estamos presentes em tantos momentos um na vida do outro. Sobretudo os decisivos. Passamos por muitas coisas: Terminar segundo grau, começar cursinho, pensar no que fazer na faculdade, primeiro trabalho, casamentos, romances, separações, família, shows, noitadas (e bebedeiras!), formaturas de graduação. Ufa! A cabecinha viaja em lembranças ao escrever.

Há uns cinco anos Guto resolveu largar tudo e se mandou pra Londres. Tinha juntado uma grana, foi a passeio pra terra da Rainha Mãe e decidiu voltar pra ficar tempos depois. Ainda não tinha sentido dor igual até então. Sou grudada nos meus amigos. Mas, era bom pra ele, estava feliz e decidido. O cara ia pra Europa... No papel de boa amiga, que mais eu faria a não ser apoiá-lo?

Gutinho está de volta. Chegou na tarde desse sábado. Não posso expressar minha felicidade em palavras. Ainda que por alguns disputados dias, é muito bom ter meu amigo aqui pertinho, falando ao telefone em tempo real e sem ecos!

Outros amigos, também do tempo da escola, parentes, meus e dele, e eu preparamos uma extensa semana pra botar as fofocas em dia e entupi-lo de todo dendê que ele puder comer!

Bom saber que está por perto Guto, bom ter você de volta!

Nossa foto na formatura, em 95: diz aí, que bom que o tempo passa, né não?

Descruzando os braços e arregaçando as mangas

Ainda não tinha me dado conta do estrago causado pelas chuvas no sul do país essa semana. Na verdade o que chamou minha atenção foi a movimentação das pessoas numa verdadeira rede de solidariedade. Não lembro de ter visto tal ação aqui no Brasil. Nos Estados Unidos isso parece muito comum, mas lá eles têm o sentimento de patriotismo que vai além dos períodos de campeonato de futebol ou carnaval. Que bom estarmos copiando coisas boas daquele país. Enfim, já era tempo de imitar também o que funciona.

Ainda que tentando dar um desconto no sensacionalismo trabalhado por alguns colegas, não há como não se emocionar com os relatos das pessoas que terão de reconstruir suas vidas, a maioria do nada. Alguns terão ainda de recomeçar sozinhos, sem família ou parte dela.

Essa catástrofe em Santa Catarina deu margem pra pensar em muitas outras coisas. Sempre buscando ver além do que aí está, pensei que há algumas semanas estávamos, nós baianos, a assistir a vegetação da Chapada arder em brasa, sem controle algum, num incêndio que provavelmente se iniciou de forma criminosa e atingiu as proporções apresentadas. Estranhas reviravoltas naturais num mesmo espaço.

Acho que ainda não temos a dimensão exata do que foi perdido nos sucessivos dias de queimada na Chapada. O tempo gasto para a recuperação de flora e fauna, isso é, o que for possível recompor. Oxalá quem teve a brilhante idéia do toco de cigarro ou do que quer que seja, tenha se comovido, se arrependido.

Estava acompanhando os jornais essa tarde ou noite – seguindo a grade em alguns outros estados – e me dei conta que é possível melhorar esse caos que se tornou nossa sociedade. Há uma luz! Muitos canais de televisão prepararam campanhas de doações e todo tipo de colaboração. Antes disso, outras entidades soteropolitanas e mesmo a sociedade civil já haviam se organizado. E conseguiram: Toneladas de alimentos, roupas e agasalhos foram arrecadados. Também havia muita gente separando as doações, organizando. Esse tipo de atitude me deixa muito feliz e com uma estranha sensação de fé na humanidade.

Preciso Dizer Que Te Amo

Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser teu amigo, que amigo...!
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo, tanto

Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira

Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto

Dé/Bebel Gilberto/Cazuza

Para meu "tocador de baixo" predileto...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Conscientizar para libertar: MO-VI-MEN-TO

Poderia enumerar as muitas razões pra estar feliz com a cobertura dada pela imprensa no Cortejo realizado neste 20 de novembro aqui no Subúrbio. Poderia ver simploriamente pelo lado do “ajudei a realizar um bom trabalho de divulgação do evento”, mas dois outros motivos premiaram meu dia ao final das atividades. O primeiro deles é perceber uma mudança de comportamento das pessoas que moram aqui no Subúrbio e que fazem o vinte de novembro cotidianamente, matando um leão por dia. Foi bonita a participação: crianças, jovens, negros, não negros, velhos. Um público que mostrou força, coragem, animação, e, sobretudo conhecimento a respeito de suas raízes e direitos.

A segunda e não menos importante razão é perceber que cada vez mais nós abraçamos as possibilidades – e todas elas - e as entendemos como algo tangível e que também nos pertence. Dessa maneira é possível transformar sonhos em realidades. E, de repente, meninos e meninas suburbanos percebem o sonho mais próximo de suas realidades, com muito esforço, mas de possível alcance, diferente de um tempo em que nos chamavam incapazes e assumimos a atribuição.

A meu ver esse vinte de novembro tem gosto especial: mais de trezentos anos separam a morte do líder Zumbi das eleições presidenciais americanas. Espaço suficiente? Intervalo capaz de absorver todas essas mudanças sociais? Só o tempo pra dizer. Ainda assim, muitas comunidades celebravam o avanço de algumas melhorias em nossa dignidade cotidiana e também festejavam a vitória de Barack Obama.

Muito mais que a música, a capoeira, o futebol. Podemos mais. Queremos mais. Acho que já seria um bom começo pressionar as esferas do governo seja municipal, estadual e/ou federal para decretar feriado nesse dia. É inadmissível que outras cidades tenham passado a frente de Salvador, capital com maior população negra no país, capital da negritude fora de África.

Façamos dos outros 364 dias, outras datas para celebrar - das mais variadas maneiras - nossas conquistas, mas, sobretudo, outras datas para refletir!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mais ações, menos discurso: ainda sobre o vinte de novembro

Entre as tantas coisas pipocando esse mês, sobretudo essa semana, recebi o resultado de uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE -, em que se constata que os negros ainda ganham menos que os chamados não negros, com uma jornada maior de trabalho. Também somos nós os grandes personagens no ranking do desemprego, de acordo com a pesquisa: no contingente de desempregados, cerca de 90,4% são negros.

É chover no molhado. A constatação do estudo não é bem uma novidade, entretanto, me parece haver não sei se uma consciência maior das muitas correntes do movimento negro, mas, certamente, uma discussão (e prática) maior sobre as chamadas políticas afirmativas e/ou de reparação.

Interessante ver o movimento de uns anos pra cá, um tempo em que as pessoas não se envergonham mais de andar com seus cabelos black power, tranças ou dreads, se exibem com roupas e acessórios étnicos, e mais, não se intimidam em buscar nas altas instâncias seus direitos quando se sentem feridos em sua cidadania e dignidade. Gosto disso, gosto muito.

Não lembro de ter sofrido nenhum tipo de discriminação direta, mas quando me vejo obrigada a estudar mais que os demais e mostrar todo tempo que minha capacidade profissional e a linda cor da minha pele são características distintas e me tornam um ser completo, reflito quão perverso ainda pode ser o sistema que aí está.

Mas mantenho minha fé na humanidade, afinal qual a probabilidade de se eleger um presidente negro no país considerado maior potência mundial há pouco mais de quarenta anos? Além do mais, estudar nunca foi problema para mim, se é preciso apresentar títulos, eu os garanto.

Diria ainda Milton Gonçalves: “Chega de lamentos. Curiosidade e ousadia fazem a diferença. Educação e cultura são bases sólidas para se formar um cidadão consciente”. Faço minhas, tais palavras!

Mais ações, menos discurso: o vinte de novembro na visão de Milton

Se aproxima mais um 20 de novembro e a cidade respira – ou aspira (?) – igualdade de oportunidades e direitos. Há pouco escrevi o release para uma caminhada que acontece aqui na região do subúrbio há quatro anos. Ainda mais cedo lia uma entrevista de Milton Gonçalves concedida à revista Raça Brasil desse mês, na qual ele cobrava mais atitude e “menos blá blá blá...” concordo com Milton. Precisamos agir mais.

Em quatro anos esta é a primeira vez que não devo participar da caminhada principal que sai da Liberdade, bairro de grande concentração da população negra em Salvador, até o campo grande, centro da cidade. Lá sim, terá muita conversa, cenário especial que servirá de palanque para as eleições de 2010. Optei em ajudar os meninos aqui, que além de serem vizinhos, acredito que necessitam mais de serem ouvidos que os “de todo ano” na Praça Municipal.

Ainda segundo Milton, alguns fazem da data uma grande comemoração com direito a shows, apresentações de grupos culturais diversos. Ele propõe uma medida diferente com ações concretas como “doação de livros, calçados, alimentação, alfabetização.” É algo a se pensar, sobretudo aqui em Salvador, onde a data sequer é considerada feriado. Uma vergonha para a cidade que concentra a maior população negra fora de África.

Não é a primeira vez que me refiro às atividades do Movimento de Cultura Popular do Subúrbio, o MCPS. Acho que eles põem a mão na massa como sugere Milton. Não são ações tão difíceis de serem concretizadas. Aliás, se levarmos em consideração a desassistência pública aos moradores da região, não é tão complexo atender. O pensamento é muito simples: para quem não tem nada, o mínimo serve!

Posto isso, estarei lá, tentando fazer a diferença, colaborando com o que puder fazer nas oficinas oferecidas pelo Movimento, divulgando as atividades, fazendo o que estiver ao alcance. Mas é bom ressaltar, não somos, Milton e eu, contra as comemorações, achamos – creio –, que temos muitas conquistas a celebrar, por certo, mas passa da hora de transformar o baticun em aulas de música, que tal?

domingo, 16 de novembro de 2008

Minha velha infância

Já não é a primeira vez que confesso sentir pelas crianças de hoje. Teleguiadas, orientadas pelas ordens da TV a cabo ou do computador quase sempre. Mesmo os jovens, adolescentes preocupados em beijar, em se maquiar e se ver nos orkuts da vida. Eles perdem momentos lúdicos, de liberdade da imaginação como os que vivi ontem. Estive no Festival de Bonecos do Sesi em exposição no Pelourinho. Bonecos pequenos, enormes, mamulengos, apresentação teatral, um show. Grupos de São Paulo, Pernambuco, Ceará e baianos, lógico, fizeram da exposição um espetáculo de cores e luzes. E o melhor: tudo de graça!

Não acredito que as pessoas não gostem de coisas boas, como dizem no senso comum, mas creio, como falei em entrevista no local, que a falta de acesso seja o maior problema. Crianças nos ombros dos pais viajavam com os olhos arregalados naquele universo. Eu as observava e também retomava um tempo que em algum lugar se perdeu com a correria cotidiana.

Havia uma tenda montada, tipo um museu, com grandes e famosos bonecos: marionetes do Pinóquio, Corcunda de Notridame, Dom Quixote, entre outros. Via essas figuras pelo lado de fora, não entrei. Tinha uma peça pra começar e precisei optar. Ah, claro, com tanta coisa, é necessário fazer escolhas.

Voltei num tempo colorido, num tempo de brincar, de imaginar, de sonhar e se permitir. Um tempo bom que a gente só reconhece quando cresce e perde. Mas sempre há como viajar de volta e melhorar o que aí está e o que virá, né não?

Se ficou viajando no texto, se apresse e vá ver o último dia de apresentação. Os espetáculos começam às 16h e seguem até às 21h, no Terreiro de Jesus. O preço do estacionemento do Pelô deu uma subidinha por conta da exposição e foi pra R$ 10. Já nem tão de graça assim, né? Mas mesmo assim, vale a pena.

Tempo rei

Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo, transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos

Pães de Açúcar, corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole, pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento

Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei

Pensamento, mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos

Mães zelosas, pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam, não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo

Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei


(Gilberto Gil)

sábado, 8 de novembro de 2008

Começo de sábado em Pirajá

Essa é levinha, mas não podia deixar de dividir...

O horário de trabalho no jornal acabou afetando o (mal) funcionamento do meu organismo e agora acordo às seis e meia todos os dias para nada. Resolvi fazer umas coisas hoje por aqui mesmo. Fui até a Rua Velha comprar umas coicititas e, com os ouvidos bastante atentos, seguia pelas ruas.

Diminuí o passo e avistei um casal de idosos sentado em frente a uma casa. Foi quando um rapaz passou, cumprimentou a senhora e ela contava toda feliz da vida que hoje comemorava seus cinqüenta anos de casada.

Eis que ele mandou: “cinqüenta anos? Fazendo bordas de ouro, hein?!”. Vim pelo caminho rindo de como ele transformou a felicidade daquela senhora numa pizza caríssima, sei lá!

Daí lembrei de outros causos de Pirajá, como o dia em que fui recarregar os créditos do celular e alguém gritou: "tem chips da claro?"


Ah, as possibilidades populares da língua portuguesa!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quatro de novembro de 2008

Pouco mais de uma da manhã, horário local, e Barack Obama é declarado vencedor. É o novo presidente dos Estados Unidos da América. Vejo que essa noite é especial sob muitos aspectos, sobretudo do ponto de vista político, histórico, racial (e a ordem desses fatores se alteram, lógico). Enfim teremos um presidente negro na maior potência do globo.

E como não achar o episódio importante, até mesmo emocionante? Cá estou eu ouvindo e assistindo a corrida à Casa Branca. Do ponto de vista histórico, militante, enfim, é motivo de celebração. É mais que isso: é uma vitória da democracia no mundo, uma vitória dos direitos humanos e do respeito às diferenças.

Me sinto estranhamente feliz com o resultado nos Estados Unidos. É como se atingisse muito mais diretamente a nós aqui no Brasil que o é de fato. É um momento histórico, uma evolução no que diz respeito à cidadania. Mais de 55 milhões de pessoas votaram no candidato democrata e devemos considerar que o voto não é obrigatório por lá.

Sem querer entrar no mérito das expectativas, e elas existem mesmo, é importante fazer o link com as eleições presidenciais aqui no Brasil, na América Latina como um todo. É interessante notar o que a sociedade de maneira geral, tem tentado dizer através das urnas: o que decifrar com as mudanças percebidas nos últimos anos.

Acompanho a transmissão pela TV e rádio em tempo real: A emoção das pessoas, jornalistas inclusive (que mandaram a discutida imparcialidade às favas), mais de 600 milhões de dólares em doações populares, dizem os colegas que trabalham nos flashes. Seriam necessários 270 votos de delegados para elegê-lo e Obama obteve mais de 355 até às 2h da manhã.

E sem essa de dizer que a campanha não utilizou a cor da pele e o histórico pessoal e familiar de miscigenação e diversidade de Obama como estratégia. A meu ver essa foi justamente a carta embaixo da manga. Não apresentar todas as armas de uma vez.

Lá vamos. Minha mãe, depois de Tancredo, acha que todo candidato eleito de aspecto mais popular se torna um alvo permanente depois do pleito. Quem viver, verá. Torço muito pra que ela esteja equivocada.

Vou viver pra contar e explicar a minhas filhas e netos a importância desse dia... O dia em que os olhos do mundo inteiro se voltaram à maior potência do globo com esperança, com a atenção de quem percebe a magnitude histórica desse momento e percebe o possível efeito dominó no resto do mundo.

Reunião de família

Há muito tempo não via minha irmã mais velha. Sim, eu tenho uma. Nessa mesma noite conheci minhas duas sobrinhas. Que pestinhas! Uma de seis anos e outra de três.

Pai fez uma cirurgia e por isso está passando uns dias na casa de Tina. Sem escadas, acreditou que fosse mais calmo por lá... Ledo engano as meninas não o deixam quieto. Lá sentada conversando e rindo das artes e peripécias das meninas, pensei em Gabriel e em como seria legal juntar essa turma. Na verdade juntar a todas nós, já que somos seis irmãs!

Sou a única que conhece as outras três. Nos encontramos sempre nos enterros de meus avós, pais de meu pai. Da última vez, no enterro de meu avô, lembrei as meninas que era bom nos vermos em outras situações, caso contrário, o próximo encontro já tínhamos idéia do que ia ser!

Acho que é hora de nos conhecermos e percebemos que nossas diferenças e semelhanças vão além dos traços físicos. Vou dar início a esse movimento. Tenho a sensação que vai ser legal!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Devolvam meu folclore, não quero seu Halloween!

Tava ouvindo rádio mais cedo e lá pelas tantas o locutor falou dos preparativos das escolas para a festa de halloween... Foi quando me dei conta de que as lojas estavam sim exibindo nas vitrines máscaras horrendas, chapéus de bruxa, vassouras, chapéus com facas enfiadas, um horror...

Me dei conta também, puxando da memória (de capacidade por vezes duvidosa), que em agosto, mais precisamente dia 22, fora a escolinha de Gabriel, não lembro de citações ou manifestação folclórica.

Mas pra onde foi mesmo o saci? Com uma perna só não deve ter ido muito longe, né não?!! “Ctrl” C, “Ctrl” V, de quê mesmo que se faz aqui? Se a gente não conhece a nossa, como copiar sem critérios, elementos da cultura dos outros?

Temos tantas histórias interessantes pra contar, os famosos “causos”, nossas lendas: Boto, Curupira, lobisomen (se é pra dormir assustado, que seja com nossas histórias afinal). Não entendo essa necessidade de trazer contos que não nos dizem nada... É como usar uma blusa xadrez com amarelo e vermelho e uma calça xadrez com marrom e cinza... Que combinação?

Me chamem de saudosista mais uma vez, mas não troco ter saído fantasiada, trocentos anos atrás, num desfile de rua da escola, pra curtir uma festa à meia-noite, com um Fred Kruger atrás de mim.... Eu hein?

Ah! Se vocês soubessem o que eu sei...

Acho que se as pessoas soubessem como é difícil e às vezes doloroso escrever ou simplesmente noticiar alguns fatos elas seriam mais cautelosas...

Elas obedeceriam as regras simples de trânsito e verificariam as cores dos semáforos antes de passar, atravessariam nas faixas, não falariam ao celular enquanto dirigem, usariam capacetes e cintos de segurança...

Se imaginassem como cansam as mesmas noticias tristes e doloridas não reagiriam a assaltos, evitariam ostentar seu luxo e riquezas em lugares e momentos pouco oportunos...

Se tivessem a mínima idéia de como a miséria e degradação humanas rendem notícias e aumentam (mais) os valores no bolso de quem já tem muito dinheiro, planejariam melhor seus filhos: quantos, como e em que condições

Ah, se todos soubessem...

sábado, 25 de outubro de 2008

cheirinho de coisa nova

Parafraseando Moska, "tudo novo, de novo...!". Lembrei de quando mãe levava a gente pra comprar o material da lista da escola. Livros, cadernos, lapiseiras, lápis de cor, mochilas. Hummmm... Tudo tinha aquele cheirinho de novidade e as expectativas de mais um ano de aprendizagem.

Aliás, nada como novidades pra dar um gás na vida, não? Novos projetos, novo curso, novos amores...

Um friozinho na barriga? Sempre! É sinal de que estamos vivos, abertos a novas experiências, mas, sobretudo, sempre buscando o melhor.

E, às vezes, um certo ar de mistério quanto a essas novidades também é bom...!

Em contagem regressiva...

domingo, 19 de outubro de 2008

Dor de amor, dor de saudade

Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Eu pensei em escrever alguns poemas
Só pra tocar seu coração
Eu sei, uma pitada de romance é bom
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Prometo sempre ser o seu abrigo
Na dor o sofrimento é dividido
Lhe juro ser fiel ao nosso encontro
Na alegria, felicidade vem em dobro

Eu comprei uma casinha tão modesta
Eu sei, você não liga pra essas coisas
Te darei toda a riqueza de uma vida
O meu amor

Então case-se comigo
Case-se comigo
Case comigo meu amor!

Diga Sim Pra Mim
Isabella Taviani

Sua excelência, o eleitor

Uma semana apenas nos separam do novo ou renovado dirigente municipal. Salvador é uma das cidades onde vai haver segundo turno e a briga tá é boa. Quero dizer, a disputa, garantem as pesquisas, está bastante acirrada. A mim, pouca diferença anda fazendo. Me sinto tão descrente que vejo pouca mudança de um candidato pra outro. E, bem sei que uma leva compartilha de meu pensamento.

Esse sentimento cresce a cada vez que preciso conhecer alguma comunidade, ouvir os reclames de quem precisa de coisas básicas como água e rede de esgoto e diz já ser conhecimento “das autoridades”. Conto nos dedos situações durante esses meses que trabalhei pelo jornal que favoreçam esse ou aquele candidato.

Campanhas de baixo nível, muita sujeira nas ruas, propostas vazias, jingles que provocam dor de cabeça mais que lembranças. Vou estar no plantão do jornal mais uma vez, correndo as ruas e constatando também o quanto somos o reflexo do que está lá: nas câmaras, nos gabinetes, nas residências oficiais. Fazemos as mesmas coisas em menor ou maior proporção: infringindo regras, violando leis em prol do próprio bolso, usando o que é público em benefício próprio. Um verdadeiro efeito cascata, em proporção de uma bola de neve.

Mas domingo tá aí. E a gente que não saia pra escolher um deles. Rezo pelo dia em que votar seja facultativo!
é

“Viciosamente, sem prazer...!”

Passavam das quatro da manhã e eu passava uns arquivos do PC – paulo – para o NOTE – Marley. Claro que botei um sonzinho. Lobão. Lá pras tantas ele avisa: “as pessoas enlouquecem calmamente. viciosamente, sem prazer!”, daí pensei nos meus dois últimos dias no “maior jornal do norte nordeste!”. Caramba, redação pode mesmo ser um problema na vida de qualquer jornalista. Que estressante!

Ivete (aquela mesma, a Sangalo) resolveu ser mãe. Massa, pra ela. Na mesma hora acontecia enterro de um jovem que fora assassinado por policiais. Advinha o que foi notícia? Não consigo entender as prioridades! Assim também foi anos atrás quando Xuxa achou um reprodutor. As câmeras voltadas para a hora do parto, não viram o sistema de telefonia brasileiro ser vendido e, segundo especialistas, a preço de banana! E estamos nós hoje nesse caos que é o sistema telefônico. Cada um mete a faquinha como convém.

Outras coisas me dão certeza do que fazer com o jornalismo que aprendi nas salas de aula. Muitos projetos em vista. Meus, com amigos, trampos variados e, possivelmente, mais divertidos. Quando nada, menos estressante que o jornalismo de um jornal diário. Aliás, bem diferente do que é passado nas salas de aulas da faculdade. É como se passássemos quatro anos estudando e quase tudo fosse destruído em função do tempo escasso pra dar a notícia, em função da voracidade da concorrência de mídias eletrônicas e/ou outros veículos. Enfim. Tá no final do expediente e experiências são sempre válidas.

O sol sem brilho

Hoje fez um dia tão lindo. Não havia uma nuvem no céu, o sol brilhava forte, o calor não estava sufocando. Quando acordei passavam das dez. Deitei um pouco antes, ainda transferindo os arquivos para Marley. Fazia tempo que não me sentia tão cansada e por isso, apesar da beleza do dia, preferi ficar em casa, vendo TV (ao menos o que restou da programação de qualidade no domingo).

Depois de muito até achei umas coisas boas: Um programa da educativa sobre responsabilidade social, um programa sobre o sistema de tratamento psiquiátrico brasileiro, o finalzinho de um especial sobre Guimarães rosa e, por fim, um musical sobre músicos latinos, gravado em Brasília. Fora o de responsabilidade, os demais passaram na TV senado. Fiquei surpresa. Minha visão preconcebida do canal até se desfez em parte.

Apesar de toda a aparente calmaria, uma tristeza insistia em sombrear. Lembrei da carga da semana, todas as notinhas que fiz. Um bebê abandonado e cortado na garganta pela mãe, uma mãe cujo o filho foi assassinado por policiais e me pedia pra fazer alguma coisa e ontem, no plantão, o desfecho triste dos jovens na cidade de Santo André, em São Paulo. Tenho uma tia que sempre diz que a gente não deve ter pena, se impressionar ou mesmo comentar casos como este. Existe muito mais do que nossos olhos mortais podem alcançar, diria ela. Até concordo. Creio mesmo no resgate de nossas dívidas passadas. Mas enquanto sou, estou nesse mundinho, por vezes é difícil não se abater.

Subi pra ver o sol cair. Há tempos não fazia isso. Enquanto contemplava a exuberância do espetáculo e fazia algumas imagens foi impossível não pensar nas três famílias, pelo menos, para às quais a visão poética e privilegiada da minha varanda não fazia diferença alguma. Ao contrário, até devia doer.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Não quero ser sempre 100

Quando freqüentava um centro de estudos espirituais havia uma frase recorrente: "quanto mais lhe é dado, mais será cobrado". Não sei a quem pertence, mas o autor concordaria com meu ponto de vista, acho. É impossível ser 100% sempre! Só que aí, ser 95% pode não agradar... Não é suficiente. Ora bolas, quem disse que era minha pretensão acertar sempre?!

Quando se é bom no que faz, quando se faz com prazer, acaba sendo matemático sobressair. Quando a libido intelectual não está a todo vapor.... È como um desses dias em que o melhor é nem sair da cama! E assim foi meu dia, quando quase nada funcionou, por mais que tenha estudado pra fazer o que faço, por mais que tenha tentado, simplesmente não subiu!!

Marley, seja muito bem-vindo, meu querido!!!

Queria apresentar o mais novo membro da minha família eletrônica, mas ainda não o fotografei...
É lindo, compacto e vai me quebrar muitos galhos (bom, ao menos essa é a finalidade de um notebook).

Estou pensando em fazer um seguro... ANTI SOBRINHOS, IRMÃS, CACHORRO, ÁGUA, NESCAU, ETC...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Quando as engrenagens não funcionam...

Aprender vale ouro!
Um estranho clima me dá mais certeza.. Muitas vezes o silêncio é sinal de sabedoria... É quase ouro. Aprender a se fazer de muda, surda e cega tem suas vantagens...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A nata do lixo e a festa balzachiana

“Mãe resolvi alguma coisa no meu aniversário, mas não quero festa. Pensei numa reuniãozinha aqui em casa mesmo, só com os de casa.”. E foi assim que surgiu a idéia. Não tava querendo festa porque além de gastar muito com lugar e comida ia me cansar. Festa eu quis fazer ano passado, comemorando minha entrada na terceira década, meus trinta. Mas devo admitir, esse ano, ainda que sem intenção, nada seria mais gostoso, mais bem aproveitado ou mais curtido por todos! Até mãe entrou na brincadeira e minha tia, literalmente, caiu no samba...!

Em momento algum pensei que pudesse ser tão bom. Da minha lista seleta – com muito esforço, devo dizer - muita gente não veio. Já me estressei quando vi que sobraria muita comida. Um caruru completo preparado a quatro mãos (mãe e tia). Pouca cerveja. Em tese, meus convidados não beberiam tanto. Acabou a cerva? Sem problemas ou cerimônia pra dizer a alguém pra comprar, eram todos de casa mesmo...

Aos poucos cada um foi se enturmando, abrindo a geladeira (né Juca??!), as panelas e, mesmo com a mesa bonitinha a postos na sala, foram se chegando – e ficando – na cozinha. Aliás, definitivamente, é o lugar da casa!

Depois de todos bem alimentados e bebidos e/ou embebedados, surgem dois violões. O suficiente, afinal onde já se viu festa sem música? Opa, não era pra ser uma festa, né? Mas, se festa é sinônimo de animação, gente feliz, comida boa - e 0800 – pessoas rindo, então, acabei promovendo uma. Juntei pessoas que não conseguiria no mesmo espaço numa semana comum, por exemplo, na correria cotidiana de cada um. Estava ali, de sandálias, em casa, muito feliz por recebê-los em casa de minha mãe, em minha casa. Mais contente por eles também se sentirem muito à vontade.

Senti falta de muita gente, lógico. Mas não dá pra ter tudo, afinal. E como toda criança, fiquei muito feliz com meus presentes, ainda que a velha frase: “É só uma lembrancinha” ecoasse vez em quando na noite. Há muito não me sentia tão bem numa festa de aniversário! Crianças, flores, amigos, música, família. Tudo registrado em muitas fotos, vídeos e lembranças...

Ia ser muito difícil escolher uma única imagem que ilustrasse tudo.
Muito obrigada pelo presente de estar com vocês, amigos.

Juca, você me deve uma malzebier e eu nunca mais vou esquecer isso...!

Lulu ponto vida

Da série feliz aniversário – que eu sei que essa semana vai rolar muita surpresa – recebi uma ligação. Foi, sem sombra de dúvidas, a melhor coisa naquele finalzinho de tarde de quarta-feira. Uma ligação de Luiza Carla. Lu é dessas amigas que a gente vai levando, entrando na vida e permitindo que ela faça o mesmo e, quando nos damos conta, se passaram quase vinte anos.

Perdemos o contato, mantendo apenas para as cartas de final de ano e aniversários. Uns anos atrás, quando conversamos como há duas décadas, me disse estar muito doente. Fiquei preocupada. Precisava de uma cirurgia. Mudou-se para o interior. Ano passado falou comigo no meu aniversário, muito rapidamente e desde então ficamos sem nos falar. Sem notícias e precisando operar, tentei falar na casa de sua mãe aqui em Salvador, sem sucesso. Passei a ter sonhos. Comecei ficar receosa e temia pelo que poderia ouvir do outro lado da linha. Simplesmente desisti de querer falar com a mãe dela. Mas que maluquice! Ainda que eu já saiba que esse é o caminho natural de todos nós, não seria nada fácil pra mim ouvir Rejane, a irmã, ou dona Manza! Não mesmo!

Até em minha mania sinistra de ler obituário, dei uma diminuída. Sabe-se lá, né?! Não seria a primeira vez que reconheceria alguém. Felizmente não foi. Fiquei emocionada. Luiza é muito especial. É por ela que minha filha – quando resolver – vai se chamar Maria Luiza. O primeiro nome é por minha conta. Passei o resto da noite lembrando coisas desde 1989, quando nos conhecemos no Centro Educacional Guiomar Muniz Pereira. Bons tempos e a gente não fazia idéia.

Falávamos por cartas e finamente trocamos endereço de email. A cabeça de Luiza continua a mesma: apaixonada e apaixonante. Sempre em busca do grande amor de sua vida. Luiza é mesmo a última romântica. E ainda riu do meu receio. Pergunto a ela o endereço do email e ela me vem com lulu.vida. Foi inevitável não pensar em nossos papos antes, durante e depois das aulas. E me senti muito feliz com tudo aquilo. Aliviada por ter notícias suas, por saber que ela está bem.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Um lembrete

A Parada Gay foi tudo de bom...!

Obrigada aos meus amigos que deixaram de lado preconceitos e vieram comigo não somente pela diversão, (não caricata, é bom que se diga), mas pelo respeito às diferenças e à cidadania...!

Jornalista, o segundo Deus, segundo alguns

A experiência na redação por si somente tem sido uma coisa boa, afinal, aprender nunca é demais. Mas vou guardar passagens muito especiais. Embora deva admitir que vez em quando é bom usar a pose e o (pseudo) poder que as pessoas de comunicação exalam junto com o perfume ou suor. Penso até que muito mais suor e pose. Fato é que tenho feito muito trabalho na rua essas duas semanas, feito cobertura de um protesto atrás do outro. Cobri duas ocupações do MST e uma reivindicação de médicos do Estado. Esta mais branda, afinal eram todos doutores, não iriam baixar o nível com palavras de ordem, gritos e coisas do gênero. Uma meia-dúzia de doutores muito bem vestidos e bem alimentados com megafone em frente à sede do poder administrativo do Estado.

As outras duas, caros amigos, devo confessar com todo o fracasso que a tal imparcialidade jornalística me permite, MUITO MAIS APAIXONADA! E, por assim o ser, devo também dizer que quando essa massa oprimida em becos, vielas e barracos resolver sair, de verdade, não sobrará uma só pedrinha... Sem querer ser catastrófica, mas já parecendo, eles brigam, olham no olho, enfrentam. A última, nessa segunda-feira, foi uma ocupação no Lobato, bairro já castigado pela marginalização da sociedade, como qualquer outro aqui do Subúrbio. A polícia chegou armada, sem querer muita conversa. Preciso dizer também que levei um susto como ainda não tinha acontecido. Afinal, não me dei conta desse tipo de perigo quando peguei o canudo.

Mas, exposições à parte, tomei gosto. Resolvi também mostrar minha arma: uma câmera fotográfica! Do meio daquela gente sai uma magrela, baixinha. Pois lá estavam a pose e o suor personificados (nessa situação foi muito mais suor)... Saquei a “bixinha” e fiz uns disparos. E não é que, pelo sim, pelo não, funcionou? Longe de mim achar que intimidei alguém, mas contra qualquer imagem mais violenta, difícil seriam os argumentos.

Foi interessante. Foi emocionante também receber abraços e agradecimentos das pessoas dali, como se tivesse mesmo poder para resolver seus problemas. Não vou ser hipócrita a ponto de dizer que estamos na mesma situação, mas na hora da balança, não teria dúvidas em escolher um lado.

Mamãe eu quero!

Ah, como invejo a liberdade das crianças dentro de um ônibus. Sobretudo se estiver lotado! Começou sufocar elas abrem o berreiro sem cerimônia. Esses dias que tenho saído cedo comecei prestar atenção nos pimpolhos da madrugada. Se encontram um espaço, por menor que seja, sempre se ajeitam. E, como os anjos protegem as criancinhas, sempre tem uma alma bondosa pra pôr no colo ou dar uma chegadinha pra lá.

Ao meu lado semana passada sentou-se uma mãe com um bebê de uns 3 meses aparentemente. De uma bolsa pequena ela tirou tanta tralha! De repente ela sacou uma mamadeira e insistia em dar à criança. Ela repetia: “come filho, não comeu nada hoje!”. Fiquei pensando, nessa idade, qual o bebe que rejeita comida? Enfim, ele comeu. Depois, perigo à vista: a mãe queria brincar e começou sacudir aquela bombinha relógio. Bem lembro Gabriel. Logo após a mamadeira, o mingau devolvido era batata. O problema é que ela estava do meu lado e eu ia para o jornal.

Final de linha, Estação Pirajá. Eu estava ilesa e limpinha. Tomei outro ônibus. Mais crianças. O que afinal esses meninos tanto fazem na rua antes das 8 da manhã? Pô, mas que castigo...!

Xoxinho, xoxinho

Encontrei a Foquinha no bate-papo do Gmail. É tipo o msn, só que você pode checar suas mensagens enquanto conversa. Ela se queixava do blog desatualizadíssimo... É que ela segue por ele pra saber como estou. Me disse que meu blog anda xoxinho! Expliquei a ela que não consigo ir mais a computador quando chego em casa. Praticamente não tenho tirado os olhos da tela no jornal, sete horas seguidas sem tirar de dentro (ou de cima, como queiram..!). Nada me motiva chegar em casa e passar mais tempo na telinha. E olhe que a cabeça anda recheada...

Mas tinha umas coisas aqui “na gaveta”...
Como hoje cheguei um pouquinho cedo, lá vão...

Em tempo, Foca, você não limpa as gavetas vez em quando e joga um monte de coisas fora, priorizando o que quer, o que usa ou mesmo pra ter espaço? É também nesse sentido...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Jogando as roupas velhas

Não achei que escrever livremente poderia me fazer tanta falta. Digo livremente porque no jornal o texto está sempre direcionado a alguém em específico. Além dos textos para o jornal, essa semana descobri que sou alérgica. Só não sei ainda a quê exatamente. Em duas semanas me cocei tanto que minha pele lembra um couro. Lembrava. Já estou medicada e como toda menina criada com vó, o remédio fez efeito de forma instantânea. A médica desconfia de comida. Também suspeito que isso tenha acontecido depois que almocei num restaurante do shopping. Pior que no dia tinha tanta novidade no prato.

Não vai ser fácil identificar o agente causador. Na dúvida, a dermo deixou meu cardápio ficou bastante restrito. Haja coisas que não posso comer. E esse foi somente o começo do meu stress pré aniversário! Minha experiência na redação tem me ajudado muito no meu setor pessoal. Minhas prioridades vão tomando forma de maneira muito clara e objetiva. E eu não sinto a menor culpa em deixar de lado um tantão de coisas que eram importantes e até mesmo que conquistei nesses anos. É como limpar as gavetas do guarda-roupa.

sábado, 30 de agosto de 2008

Meu igual diferente

ela une todas as coisas
como eu poderia explicar?
um doce mistério de rio
com a transparência de um mar...

ela une todas as coisas
quantos elementos vão lá?
sentimento fundo de água
com toda leveza do ar...

ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está

talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir
pedra preciosa de olhar
ela só precisa existir
para me completar...

ela une o mar
com o meu olhar
ela só precisa existir
pra me completar...

ela une as quatro estações
une dois caminhos num só
sempre que eu me vejo perdido
une amigos ao meu redor

ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está...

talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir
pedra preciosa de olhar
ela só precisa existir
para me completar...

ela une o mar
com o meu olhar
ela só precisa existir
pra me completar...

une o meu viver
com o seu viver
ela só precisa existir
para me completar...

Ela une todas as coisas
Jorge Vercilo